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O peleguismo patronal e a caixa preta da Firjan

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 O sr. Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, mesmo sem nunca ter estado à frente de uma indústria; e, portanto, não possuindo o menor conhecimento de gestão, muito menos das dificuldades de ser empresário no Brasil, encastelou-se há mais de 20 anos na presidência da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Colocado por seu antecessor, o saudoso Arthur João Donato, o sr. Gouvêa Vieira tomou prazer em comandar o orçamento bilionário da Firjan, sustentado pela contribuição compulsória que incide sobre quem realmente paga a conta, ou seja, o industrial fluminense, que atravessa hoje a maior crise da história econômica do estado.  

Para permanecer como “imperador” da instituição, o sr. Gouvêa Vieira,  mudou o estatuto da instituição, a fim de  perpetuar-se no cargo;  e sua audácia vai além, ao impedir até mesmo que sejam formadas chapas de oposição. Vários são os sindicatos que, de fato, possuem representatividade no setor, tal como o Sindicato da Indústria Nacional da Construção Naval – Sinalval, cujo presidente, sr. Ariovaldo Rocha, apresentou seu nome para substituir o sr. Eduardo Eugenio, que, durante o pleito, o massacrou com votos dos “representantes” de sindicatos tais como o das Chapeleiras de Petrópolis, cujo último presidente, segundo comentários, era funcionário da residência de veraneio do sr. Eduardo Eugenio. Mas paremos com este exemplo da “representatividade” de muitos dos sindicatos que apoiam o atual presidente. É o suficiente.

Nestes seus 20 anos de império do sr. Eduardo Eugenio, a Firjan tem como bandeira a “liberdade econômica e a democracia”. Para isso, seu grande feito em defesa da livre iniciativa  foi ter gasto centenas de milhões de reais em propaganda nas redes e, claro, em eventos onde ele aparece como o “grande líder” da indústria do estado do Rio. O resultado dessa política pelega retrata o quanto distorcido se encontra o sindicalismo patronal, sem dar a menor satisfação a quem paga a conta. Nada diferente dos mais desqualificados entre os sindicatos dos empregados. 

Dentre diversos delitos que vem praticando o atual presidente, o Tribunal de Contas da União traz graves denúncias contra a gestão de Eugenio Vieira à frente da Firjan. Segundo o TCU, Gouvêa Vieira é culpado por ato “ilegítimo e antieconômico”, ao estabelecer uma política de prêmios que resultou em super salários para toda a cúpula da entidade. E o pior, o TCU descobriu que a cúpula forjou uma redução de despesas fictícia, para justificar, nas votações dos conselhos, o aumento dos prêmios salariais que concedia a si mesma. O TCU qualificou a conduta dos sr. Vieira como “culpável” e “reprovável”. Toda a alta cúpula da Firjan, Sesi e Senai foi considerada culpada pelo TCU e passível de eventual pagamento de multa por ter participado das irregularidades. Todos esses pagamentos são considerados irregulares pelo TCU, e aquele Tribunal aponta que os recursos que abastecem o Sistema Firjan originam-se de cobranças parafiscais e constituem, portanto, dinheiro público. Não estamos falando de uma empresa concorrendo no mercado, e sim de uma instituição cujos recursos vêm de impostos parafiscais aplicados sobre o salário dos trabalhadores da indústria.

O relatório do TCU, número 17729/2011-4, nasceu de uma investigação do mesmo Tribunal para fiscalizar três processos: Política de remuneração de pessoal do Sistema Firjan; Processo seletivo de pessoal do Sistema Firjan e Processo licitatório do Sistema Firjan.

O sr. Eduardo Eugenio continua desafiando o Ministério Público Federal, recusando-se a prestar contas dos bilhões que gasta em autopromoção, festas, alugueis de jatinhos e  eventos desprovidos de qualquer importância. Várias tentativas judiciais já foram tentadas, no sentido de se exigir do presidente da Firjan que mostre onde e, por que, desperdiça os recursos públicos que fazem parte do orçamento da Federação. Não se sabe os motivos, mas, com ouvidos de mercador, o sr. Eduardo Eugenio passa batido por essas exigências de ética e probidade, que agora estão sendo impostas pela Justiça brasileira.

O último cidadão que se aproveitou para se promover com orçamento do sistema S, como faz o sr. Gouvêa Vieira, foi sr. Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio, preso e solto, na última sexta-feira, pelo ministro Gilmar Mendes. Se o Ministério Público Federal e a Polícia Federal fizerem o mesmo trabalho que promoveu para descobrir as falcatruas encontradas no SESC-Rio, certamente ficarão estarrecidos com o desperdício de recursos públicos que existem na Firjan, sob comando e ordem do atual presidente. 

Chegou a hora de todos serem tratados como iguais; inclusive aqueles que se julgam acima da lei. O sr. Eduardo Eugenio é um dos poucos que ainda acredita que o Brasil não mudou.