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Eficiência na segurança

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Não fosse o concurso de outras preocupações recentes, a nos impor prioridade, como a crise do abastecimento, a opinião pública teria concedido atenção maior a um fato, até então, por sua dimensão, inédito aqui e em qualquer outro país. Tratava-se de uma operação policial, da qual resultou a prisão de 250 criminosos ou suspeitos de prática de atividades relacionadas com a pedofilia, principalmente a comercialização de produções de pornografia infantil. Em quase todos os estados brasileiros, 2.600 homens foram, direta ou indiretamente, empregados com o objetivo de desbaratar essas quadrilhas, que, para acentuar a gravidade de sua atuação, puseram a descoberto uma sinistra rede nacional a explorar esse comércio imundo, capaz de indignar o cidadão mais insensível. Muitos dos presos ou detidos estão em liberdade, por força de fiança paga. Antes de tudo, é estranho que crime dessa natureza continue fora da lista dos inalcançáveis. Ainda assim é justo esperar que a Justiça pese a mão sobre os integrantes desses bandos, ramificados em todas as regiões brasileiras.

Feita a referência sobre tal hediondez, que, como se disse, em outras ocasiões teria provocado maiores repulsas, cabe registrar detalhe importante que disso resultou, além do desmantelamento das quadrilhas. Trata-se do teste que se observou naquela grande operação, para fortalecer os argumentos favoráveis a um plano de integração das polícias brasileiras, sejam quais forem os setores em que atuam. A guerra aos contingentes de apoio à pedofilia revelou os bons resultados que se pode auferir da colaboração e do entrosamento em área tão vital. Essas mesmas que agiram com eficiência, demonstram que trabalhos conjuntos, não apenas eventualmente, levam a resultados altamente positivos.

O que haveria de impedir que se faça, em todos os campos da segurança pública, o mesmo que se fez com os produtores e divulgadores de material pornográfico infantil? Uma ação conjunta contra outros crimes que transtornam a vida da comunidade reclama a presença de maiores recursos para sua defesa, em dimensão só admissível com base em um processo integrado na base, capaz de unir forças e os efetivos policiais, sem a quebra da autonomia de suas instituições civis e militares. Nada seria mais oportuno, por exemplo, no combate ao crime organizado e ao tráfico, para citar apenas alguns dos desafios que temos enfrentado. No Rio de Janeiro, ainda que estejam distantes os resultados almejados pela população, nestes breves meses que se seguiram à intervenção federal, parte do que se conseguiu explica-se pelo exercício de convivência e colaboração entre as diferentes policias.

No presente momento, provavelmente escudado pelas experiências com que tem se deparado, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, dá sinais de simpatia com a causa de um maior entrosamento, institucionalizado, entre os setores que, isolados, combatem o crime. Nascido no Nordeste, a mais isolada entre as regiões do país, o ministro sabe que na área da segurança, assim como nas demais, é impossível pretender soluções exitosas com as unidades federativas e seus serviços de segurança operando de per si.

Em tempos passados, quando os problemas sugeriram tal preocupação, o mais saliente entre os obstáculos era a carência dos recursos de comunicação, que hoje, ao contrário, são abundantes e eficientes. Mais que suficientes para procurar uma estreita colaboração.