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No primeiro dia de seu renascimento, e isso aconteceu há menos de 15 dias, o JORNAL DO BRASIL procurou deixar claros os compromissos que inspiraram sua reinserção na trajetória da imprensa brasileira. Em síntese, a certeza de que pode e deve ser uma voz a mais para ajudar o Brasil a aperfeiçoar a democracia em sua acidentada caminhada pela História. Por sobre essa proposta, o responsável  pelo empreendimento tomou, por acréscimo, a grave missão de fazer brilhar a vida de um jornal que, de tão importante, tão identificado com a sociedade, nunca morreu; apenas adormeceu por alguns anos. E agora desperta com o vigor a que faz justiça. 

A cristalina exposição dessa simbiose de dever e ideal, configurada num código de conduta, teve logo a compreensão dos leitores, como demonstram as manifestações que chegaram e ainda hoje chegam. O que não nos libera de repetir, superando más interpretações, que não move este jornal, nem o inspira, a disposição, por mínima que seja, de abraçar simpatias ou tendências, sejam elas de esquerda, de direita, de centro ou quaisquer que surjam. Mais ainda, considerem-se desde já repudiadas insinuações de grupelhos que pretendem impor grilhões e submissão a correntes ideológicas. 

Cabe, então, retomar o detalhe: o fato de em determinados momentos da vida política nacional, caminharmos para aplaudir ou criticar propostas e comportamentos, em respeito a um dos princípios existenciais do JORNAL DO BRASIL, não significa atrelamento ou adesões. Os aplausos de hoje e as reservas que se façam amanhã a pessoas, partidos políticos e instituições só se justificam por si mesmos. Nada haverá de arranhar esse projeto, traçado pela presidência do Conselho Editorial, aberto a todas as ideias, ainda que nem sempre as adote como suas.  

Sem indulgência, diga-se então, para quem pretender confundir o caminho que foi traçado. A isenção é uma das tradições que não se ousa negar ao velho jornal da Condessa Pereira Carneiro; tradição que fizemos questão de ver renascida com ele, principalmente quando se digladiam divergências políticas, como hoje se vê. Conduta que vem de longe. Provam-no, para citar apenas um exemplo, homens como o notável jurista Afonso Arinos, ao transcrever nestas páginas lição que trazia da velha Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, recorrendo a conhecido axioma pitagórico, hoje atual, como nunca: é exatamente nos contrários que está o princípio de todas as coisas, o que dá mais luz ao estudo do ser humano e à chama da vida. 

O amplo direito aos que concordam e discordam é um lema que está no pórtico deste jornal, onde também é possível ler a infinita confiança dos que aqui escrevem na perene liberdade de expressão, consagrada na substância do próprio regime democrático. Assim, o JB não desestimula oportunidades criativas, ouve a todos, defende a livre iniciativa e condena o estatismo nos excessos com que inibe empreendimentos não abrigados à sombra do poder. E vai buscar lições de suas páginas passadas para reagir ao hermetismo solerte de leis superadas e injustas.  Estes tempos que estamos vivendo têm uma peculiaridade: muita informação, pouco conhecimento e nenhuma reflexão, trilogia perigosa que convém combater. De sua parte, o JORNAL DO BRASIL cumprirá sua parte, informando, ajudando a ampliar o conhecer, mas sem ignorar que, ao refletir, e refletir sempre com isenção, pode ser confundido em seus compromissos com os destinos da cidade e do pais.