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Bolsas da Europa caem com comércio, tensão com Irã e setor corporativo

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As bolsas da Europa encerraram o pregão desta segunda-feira, 23, majoritariamente em queda, pressionadas pela renovação da tensão geopolítica e com a guerra comercial liderada pelos Estados Unidos, bem como pelo noticiário corporativo.

"O modo cautela foi acionado novamente nos mercados financeiros, à medida que tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e o Irã voltaram a emergir, ao mesmo tempo que o temor com a guerra comercial em curso continuou a se elevar", comentaram, em nota a clientes, analistas do banco espanhol BBVA.

De fato, o noticiário do final de semana embasou o aumento da tensão que foi justificativa para a baixa dos mercados europeus.

Reunidos na Argentina, os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais de membros do G-20 vocalizaram as preocupações com o aumento do protecionismo global, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar parceiros comerciais de práticas desleais.

No mesmo evento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que um acirramento da guerra comercial pode prejudicar de forma importante a atividade econômica de todo o planeta e, no cenário mais negativo, reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em US$ 430 bilhões em 2020, o equivalente a uma retração de 0,5% da expansão do PIB em relação ao cenário-base esperado para aquele ano.

"As tensões comerciais já estão deixando uma marca, mas a extensão do estrago vai depender do que os governos farão em seguida", afirmou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.

Por sua vez, dias depois de acusar a China e a União Europeia de manipularem o câmbio, Trump voltou a atacar o acordo nuclear com o Irã. Em resposta ao líder da república islâmica, Hassan Rouhani, o republicano declarou que "os americanos precisam entender bem que a paz com o Irã é a mãe de toda paz e que a guerra com o Irã é a mãe de toda guerra".

No setor corporativo, as ações da Fiat Chrysler recuaram 1,50% no pregão italiano, após chegar a cair pouco mais de 4% na abertura. O papel foi penalizado com a notícia da saída do executivo-chefe da empresa, Sergio Marchionne.

Em carta aos funcionários no sábado, a empresa disse que Marchionne teve complicações em uma cirurgia e não deve voltar ao posto. Um dos principais executivos ligados a Marchionne, Mike Manley, de 54 anos, foi indicado para substituir o chefe. Britânico, Manley vinha comandando os negócios nas marcas Jeep SUV e nos caminhões Ram, duas das unidades mais rentáveis da Fiat. Ainda assim, a cautela com a mudança, em meio ao ambiente de incerteza com o comércio e tarifas globais, pesa na ação hoje.

Assim, a bolsa de Milão foi a que apresentou o maior recuo dentre os principais mercados europeus. O índice FTSE Mib cedeu 0,87%, para 21.605,21 pontos.

No Reino Unido, a companhia de aviação irlandesa Ryanair reportou queda nos lucros no último trimestre e alertou que as tarifas médias no período de julho a setembro subirão menos do que o inicialmente esperado. As ações da Ryanair caíram 6,36% em Londres e puxaram os pares do setor - a francesa Air France-KLM cedeu 1,35% e a alemã Deutsche Lufthansa perdeu 2,20%. A bolsa de Londres recuou para 7.655,79 pontos (-0,30%), a de Paris cedeu 5.378,25 pontos (-0,37%) e a de Frankfurt terminou em 12.548,57 pontos (-0,10%).

Na contramão, a bolsa de Madri subiu para 9.726,10 pontos (+0,01%) e a de Lisboa encerrou em 5.638,17 pontos (+0,58%)