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Cade: BC tem autonomia no caso XP-Itaú

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SÃO PAULO - O processo em andamento no Banco Central envolvendo a aprovação da aquisição de uma fatia de 49,9% da XP pelo Itaú Unibanco não necessariamente deve seguir a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma vez que o fechamento do negócio antecede o memorando de entendimento fechado em fevereiro por ambas autoridades. A avaliação foi feita ontem pelo presidente do Cade, Alexandre Barreto. 

“O memorando de entendimento foi posterior, portanto, não se pode dizer que o julgamento da aquisição da participação pelo Itaú Unibanco na XP será o primeiro caso dentro desse entendimento”, afirmou Barreto, em evento, ontem, em São Paulo. Ele mencionou, entretanto, que o Cade e o Banco Central discutiram o assunto. Barreto explicou que, após a legislação ser criada, aí sim as decisões serão conjuntas, implicando que a negativa de uma das autoridades terá de ser respeitada pela outra. 

“Como já acontece com outros órgãos reguladores, em que as decisões são coordenadas”, acrescentou. Barreto tem expectativa de que o projeto de lei para decisões conjuntas do Cade e Banco Central esteja totalmente aprovado pelo Congresso até o final deste ano. O memorando foi assinado em fevereiro, prevendo entendimentos sobre a análise de fusões e aquisições envolvendo instituições financeiras pelas duas autarquias. A legislação deverá encerrar uma disputa de competências que dura anos.

O Cade aprovou em março a aquisição, com dois votos contrários, entre os quais da conselheira Cristiane Alkmin, que fez duras críticas quanto aos riscos impostos ao consumidor final, citando o comprometimento que o negócio impõe à desbancarização. O BC não tem data para emitir seu parecer, mas circulam informações de que o órgão regulador irá além dos remédios aplicados pelo Cade, bloqueando a possibilidade de o Itaú ser controlador da XP no futuro. No acordo, ficou acertado que o Itaú teria de manter as tarifas zero do XP para os investidores. Sócio da XP, o Itaú não perderia clientes para a concorrência. Mas o Banco Central já deu sinais que pode não aceitar a cláusula que permitiria ao Itaú assumir o controle da instituição, além dos 49,9%.