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Choque externo reduziu chances de a inflação permanecer abaixo da meta, diz Ilan

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O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira, 25, que a mudança no cenário externo reduziu as chances de a inflação ficar abaixo da meta em 2018, o que pesou na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica Selic em 6,50%. Segundo Goldfajn, o balanço de riscos atual aponta para a manutenção da taxa nesse nível nas próximas reuniões do Copom.

"A favor da decisão de manter a taxa Selic em 6,50% pesou a mudança no balanço de riscos para a inflação em função do choque externo, que reduziu as chances de a inflação permanecer abaixo da meta no horizonte relevante por meio de possíveis impactos secundários na inflação. Isso tornou desnecessária a mitigação de risco de convergência demasiadamente lenta da inflação às metas", afirmou Ilan Goldfajn, no discurso de abertura do XX Seminário Anual de Metas para a Inflação, organizado pelo BC no Rio.

Segundo Ilan, "pesando o cenário básico e o balanço de riscos, o Comitê concluiu que a decisão de manter a taxa de juros no atual patamar era a mais apropriada". Para as próximas reuniões, os membros do Copom decidiram sinalizar que, com projeções de inflação confortáveis e o atual balanço de riscos, veem como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente, disse o presidente do BC.

No balanço de riscos, embora ainda exista a possibilidade de a inflação de 2018 ficar abaixo da meta, a frustração das expectativas sobre as reformas na economia pode afetar prêmios de risco e, consequentemente, a dinâmica de preços. Por isso, "reformas e ajustes são fundamentais para a economia, para o controle da inflação e para juros menores", disse Ilan Goldfajn no discurso.

"É preciso também enfatizar que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia, com amplos benefícios para a sociedade", afirmou o presidente do BC.

Política econômica

Ilan afirmou que a mudança na política econômica a partir de 2016 foi fundamental para queda da inflação a partir de 2017. Na introdução do discurso de abertura do seminário, ele lembrou que, quando assumiu o cargo, em maio de 2016, a inflação vinha de "quase 11%", mesmo diante de uma retração de 8% no Produto Interno Bruto (PIB) em dois anos, portanto, a atividade econômica vinha de um de seus maiores declínios.

"A condução firme da política monetária, aliada à mudança na direção da política econômica de forma geral, foi decisiva para reduzir as expectativas de inflação e para colocar a inflação em trajetória de queda. Como resultado desse trabalho, desde o ano passado temos observado a redução da inflação, a queda das taxas de juros e a recuperação gradual da economia", afirmou Ilan.

O presidente do BC lembrou que a inflação acumulada em 12 meses foi reduzida para 2,8% em abril deste ano. A queda em relação ao pico é de mais de 8 pontos porcentuais, "uma queda significativa", disse Ilan.

"As expectativas de inflação para 2018 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,5% e as expectativas para 2019 e 2020 situam-se em torno de 4,0%", afirmou o presidente do BC.