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Paralisação de caminhoneiros gera escassez no Rio

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Escassez no Rio de Janeiro. Essa é a expectativa para o quarto dia seguido da paralisação dos caminhoneiros, que atinge o estado. Pouco chega à capital que concentra metade da população do estado, e com o combustível parado nas refinarias, mesmo mercadorias estocadas deixaram de circular. Da gasolina à batata, passando por ônibus e correios, tudo está comprometido enquanto os caminhoneiros negociam com o governo federal em Brasília.

“A ‘comum’ e a ‘grid’ acabaram. O resto não chega até o fim do dia”, dizia o gerente Elias aos clientes que encostavam para abastecer seus carros, ontem, ao fim da tarde. Situado em frente à sede administrativa da Petrobras Distribuidora, na Tijuca, o posto não só leva a bandeira da companhia, como é sua propriedade. Mesmo assim, não recebe um caminhão de abastecimento há cinco dias. A situação não era diferente nos doze postos que o JORNAL DO BRASIL visitou em todas as regiões da cidade. Em média, a reserva dura quatro dias. 

Enquanto na Zona Sul e Barra da Tijuca vários postos amanheceram sem gasolina e etanol, no subúrbio já há falta de diesel, em grande parte consumido pelas concessioná- rias de ônibus que, sem combustível nas garagens, enviaram seus veículos para abastecer nas ruas. “A situação é gravíssima”, afirmou Guilherme Wilson, gerente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio (Fetranspor). Ontem, 40% dos 23 mil ônibus da cidade ficaram parados sem combustível para rodar. Se nada mudar hoje, a previsão é que o número salte para 70%. Amanhã, pode não haver coletivos nas ruas. Para abastecer toda a frota são necessários 2 milhões de litros de diesel por dia, o equivalente a 70 caminhões-tanque cheios.

De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Rio (Sindcomb), não há perspectiva de normalização das bombas e, até hoje à noite, 80% dos postos da cidade não terão algum tipo de combustível. Presidente do sindicato, Antônio Barbosa explica que a população está alarmada e muitos tentam completar seus tanques. O aumento da demanda levou muitos donos de postos a aumentar os preços. Alguns postos, vendiam a gasolina comum a R$ 5,09. 

Na Ceasa, Central de Abastecimento do Rio de Janeiro, já faltam alimentos como batata, cebola, cenoura e outros produtos, que vêm de Minas Gerais e São Paulo. Mesmo os alimentos produzidos no estado têm chegado com dificuldade, em função dos bloqueios. É o caso do alface, pimentão e tomate. A escassez impactou os preços. A saca de 50 quilos de batata teve o preço reajustado em mais de 400%. Nos supermercados, os aumentos repassados até agora superam os 200%, com o quilo pulando da casa dos R$ 2,00 para R$ 8,00. A Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj) informou, em nota, que o maior reflexo é no abastecimento de itens perecíveis que precisam de reposição diária, como verduras e legumes.