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Japão e UE ameaçam retaliar EUA

OMC é avisada que represálias serão adotadas caso Trump insista em tarifar aço e alumínio

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Japão e União Europeia informaram ontem à Organização Mundial do Comércio (OMC) que estão dispostos a adotar medidas de retaliação contra os Estados Unidos, se o governo americano insistir em impor tarifas aduaneiras sobre as importações de aço e de alumínio. O governo japonês afirmou que tem o direito de adotar tarifas sobre produtos americanos em um valor de 50 bilhões de ienes (cerca de US$ 340 milhões), montante equivalente ao impacto do imposto aprovado pelo governo dos EUA sobre produtos japoneses, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores. 

O Ministério não forneceu, no entanto, detalhes concretos sobre o tipo de produto afetado, ou a data de entrada em vigor dessas medidas retaliatórias. Poucos minutos depois, foi a vez da União Europeia replicar. “A UE notificou à OMC uma lista de produtos americanos sobre os quais poderia aplicar futuramente direitos de importação adicionais”, se a isenção da qual se beneficia até 1º de junho não for mantida, indicou a Comissão Europeia em comunicado. Em 8 de março, o presidente americano, Donald Trump, promulgou uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as importações de alumínio, isentando temporariamente alguns de seus parceiros como Canadá, México, Brasil, Argentina, Austrália e União Europeia. Apesar de ser um aliado dos EUA e dos esforços do primeiro-ministro Shinzo Abe, o Japão não obteve isenção.

Proposta europeia A UE, como o Japão, procura “compensar de forma equivalente o impacto das medidas tarifárias americanas” em um montante de 2,8 bilhões de euros (cerca de US$ 3,3 bilhões). Em 2017, a UE exportou para os EUA 5,3 bilhões de euros em aço e 1,1 bilhão de euros em alumínio. Essa medida de represália poderia ser implementada com total legalidade, se decidida pelo bloco europeu “a partir de 20 de junho de 2018”. Entre os produtos considerados estão o tabaco, o uísque, o jeans, as motos, produtos de beleza e produtos têxteis, bem como toda uma série de produtos siderúrgicos. A UE espera, no entanto, que a medida de isenção seja mantida. Os líderes dos 28 países da UE acabam de definir uma oferta comercial para convencer os EUA antes de 1º de junho. O bloco estaria disposto a negociar uma redução das barreiras tarifárias na indústria, aproximar as regulamentações, aprofundar as relações energéticas e trabalhar na reforma da OMC. A UE está disposta a “falar sobre a liberalização do comércio” com os EUA, “mas somente se eles decidirem uma isenção ilimitada das tarifas sobre o aço e o alumínio”, resumiu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. 

Já o Japão endureceu o tom após o fracasso do diálogo com os EUA, cujas tarifas “podem ter um sério impacto nas relações econômicas” dos dois países. Por essa mesma decisão dos EUA, Rússia e China foram à OMC em abril. A China, que também é ameaçada com outras tributações no valor de US$ 50 bilhões, ameaçou represálias por um valor equivalente. Trump critica regularmente as práticas comerciais do Japão, que considera desleais, e lamenta os “milhões e milhões de carros japoneses” que invadem o mercado americano, quando muito poucos veículos “made in USA” são vendidos no Japão. Ontem, Trump voltou a reclamar de acordos comerciais anteriormente firmados por seu país. Segundo ele, esses pactos são prejudiciais, mas seu governo trabalha agora para mudar esse quadro. 

“Estamos negociando agora com a China”, lembrou, na semana em que uma delegação de Pequim esteve em Washington para discutir as diferenças comerciais. A delicada questão comercial será abordada em negociações bilaterais em meados de junho entre o representante comercial americano, Robert Lighthizer, e o ministro japonês da Economia, Toshimitsu Motegi. Muito dependente das exportações, o Japão teme ser forçado a grandes concessões que colocariam sua indústria em risco. (Estadão Conteúdo e AFP)