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Com alta de 0,70%, Ibovespa encerra pregão com novo recorde

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Nem mesmo um novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil, agora pela Fitch Ratings, foi capaz de impedir o Ibovespa de marcar uma nova máxima histórica, aos 87 mil pontos, nesta sexta-feira, 23. Foi a 8ª sessão seguida de alta na qual o índice à vista encerrou o pregão aos 87.293,24 pontos e valorização de 0;70%. Com isso, termina a semana com ganhos de 3,28%, levando o resultado anual a 14,26%.

"O resultado da inflação, que amplia as possibilidades de uma nova queda da Selic, aliado à queda dos juros futuros pela mudança de regras do governo, pesou muito mais do que o downgrade", afirmou Thiago Figueiredo, gestor da Horus GGR.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) teve alta de 0,38% em fevereiro, abaixo dos 0,39% de janeiro. Foi a segunda menor variação para este mês desde a implantação do Plano Real. Embora tenha vindo em linha com a mediana das expectativas, reforçou as possibilidades de um novo corte da taxa básica de juros pelo Banco Central na reunião de março. 

"A taxa de juros muito baixa leva os agentes a ter apetite pelo risco", diz Pedro Coelho Afonso, chefe de operações da corretora Gradual, para quem há uma demanda reprimida por ativos de risco.

O Ibovespa iniciou a sessão desta sexta-feira em alta, mas rondou a estabilidade durante toda a manhã. Pouco antes das 13 horas, a agência de classificação de risco Fitch Ratings anunciou que a nota de crédito soberana estava sendo cortada de BB para BB-, com perspectiva estável. A reação na bolsa foi contida, batendo mínimas até chegar aos 86.137,51 pontos (-0,63%). No entanto, sustentada pelo bom humor externo visto em Wall Street e as empresas ligadas às commodities, reverteu a queda e passou a operar em terreno positivo. 

Na sessão, entre as blue chips, as ações da Petrobras subiram 2,58% (ON) e 1,83% (PN) embaladas pela alta do petróleo no mercado internacional. Também Vale ON ganhou 0,90%. No fim da sessão de negócios, os papéis de bancos reverteram a queda e também apontaram ganhos, ajudando o Ibovespa a superar os 87 mil pontos.

Dólar minimiza rebaixamento do Brasil e fecha em queda de 0,27%

No dia em que a Fitch Ratings promoveu o rebaixamento da classificação de risco do Brasil, o dólar voltou a cair ante o real, seguindo os mesmos fundamentos das últimas sessões. Bolsas em alta, forte valorização dos preços do petróleo e queda das taxas dos Treasuries voltaram a refletir um ambiente de apetite por risco. Com isso, o dólar terminou o dia cotado a R$ 3,2403 no mercado à vista, com baixa de 0,27%. 

A reação ao downgrade da nota de crédito do País (de BB para BB-, com perspectiva estável) foi breve, levando o dólar a operar em terreno positivo por apenas alguns segundos. Ao atingir a máxima de R$ 3,2511 (+0,06%), em resposta à notícia, a cotação atraiu fortes ordens de venda. Nas horas que se seguiram ao anúncio, o dólar ainda encontrou espaço para ampliar o ritmo de baixa, chegando à mínima de R$ 3,2327 (-0,50%).

Para José Carlos Amado, operador de câmbio da Spinelli Corretora, o fato de a Fitch ter definido perspectiva estável no rating acabou sendo bem recebido. "O mercado preferiu não mudar de tendência por enquanto. Se alguma mudança for feita, não será assim tão rapidamente, porque há outras questões que amenizam o rebaixamento. Uma delas é a melhora dos números da economia, um fator que vem dando maior tranquilidade, em contraposição à não aprovação da reforma da Previdência", disse.

Como era de se esperar, a desistência do governo de votar a reforma da Previdência foi o principal motivo para a decisão da Fitch. A agência ressaltou que retirada da matéria da pauta do Congresso representou um "importante revés" e mina a confiança de médio prazo nas finanças públicas e no compromisso político do governo em perseguir o ajuste fiscal. 

"Por enquanto, a forte liquidez internacional fala mais alto, principalmente porque a decisão da Fitch já vinha sendo precificada pouco a pouco. Mas é uma má notícia para o médio e longo prazo, pois aponta para a redução da participação de fundos internacionais no País", disse Bruno Foresti, gerente de câmbio da Ourinvest. 

No cenário externo, os preços do petróleo voltaram a subir com força, ainda em repercussão aos dados da véspera divulgados pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE), que apontaram queda dos estoques no país. Hoje a Baker Hughes apontou leve aumento no número de poços de petróleo em operação, mas teve influência apenas pontual na alta da commodity. Com o petróleo em alta de mais de 1%, além da alta das bolsas e da queda das taxas dos Treasuries, o dólar se enfraqueceu ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities.

Fonte: Estadão Conteúdo