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"A reação sobre o rating é maior do que o próprio rating", diz Meirelles

Ministro minimizou rebaixamento da nota do país e disse que população está 'esperançosa'

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Na manhã deste sábado (13), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, minimizou o rebaixamento em três graus da nota do Brasil pela agência de risco Standard & Poor’s, afirmando que ele não afetará a retomada do crescimento da economia, e que a reação sobre o rating "é maior do que o próprio rating em si". "Será que isso significa algum impacto no crescimento? É evidente que a resposta é não", disse. "Isso é o que interessa exatamente à população. Não é o rating em si, mas qual o significado [do rating] de ponto de vista de crescimento econômico", acrescentou.

Na quinta-feira (11), a agência de classificação de risco norte-americana Standard & Poor's (S&P) rebaixou a nota do Brasil para três níveis abaixo do grau de investimento, de BB para BB-, com perspectiva estável.

Neste sábado, Meirelles participou de uma reunião com o diretor de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marco Aurélio Ruediger, para avaliar a repercussão da revisão para baixo da nota de risco do país junto à população nas redes sociais.

"Nós resolvermos vir aqui para ver qual é a avaliação de assuntos de maior impacto nas redes. E agora foi a discussão do rebaixamento do rating. A grande conclusão que eles chegaram hoje é que o que mais preocupa a população é qualquer coisa que possa ter um significado ou levar a um retrocesso no crescimento", afirmou Meirelles.

Para o ministro, esta avaliação mostra que, de um lado, a população está muita "esperançosa" com o crescimento econômico, mas receia que possa haver uma volta da recessão. "A preocupação com o rating é mais no sentido de que se isso significaria algum impacto no crescimento. E é evidente que a resposta é não. É importante agora enfatizarmos a mensagem que não, porque o crescimento vai continuar e isso é o que interessa à população", disse o ministro da Fazenda.

Para o ministro, indicadores da economia vão mostrar que o país continuará na rota do crescimento, independente do rebaixamento. Meirelles voltou reforçar a importância da aprovação da reforma da Previdência. "É absolutamente importante e crucial do ponto de vista de confiança da sustentabilidade das contas públicas no futuro. Assim como a aprovação das demais medidas para assegurar o equilíbrio fiscal, que é a base do crescimento."

"Temer vem sendo mais lento do que esperávamos", diz diretora da S&P

Apesar do tom otimista de Meirelles, a diretora de ratings soberanos da agência de classificação de risco S&P, Lisa Schineller, afirmou na sexta-feira (12) que deverá ser muito difícil que o Congresso aprove a reforma da Previdência neste ano, principalmente em função da eleição presidencial no Brasil. "Temos dúvidas sobre o avanço da reforma da Previdência em ano eleitoral. Notamos uma resistência mais profunda a esta mudança. E ficamos com a dúvida sobre qual tipo de reforma pode surgir. Os atrasos constantes nessa negociação destacam esse desgaste que observamos. Também será difícil que o governo tome medidas fiscais mais duras", avaliou.

Lisa Schineller acrescentou que mesmo que a reforma seja aprovada em fevereiro, a agência não reverterá a nota do país, já que apenas a reforma da Previdência não melhoraria a situação fiscal do país no curto prazo.  "Na nossa avaliação, o governo do presidente Temer vem sendo mais lento do que esperávamos em tomar as medidas corretivas para reverter a trajetória crescente do déficit fiscal", disse.

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