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'Financial Times': Traders de commodities miram escala de participação no mercado

"Indústria de commodities se confronta com realidade nova e menos lucrativa"

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Os maiores traders de commodities do mundo devem ficar ainda maiores à medida que tentam reverter a primeira queda séria em receitas ocorrida nesta década e combater a pressão nos preços de petróleo, minério e grãos, escreve David Sheppard and Neil Hume no Financial Times

A projeção, de consultores da Oliver Wyman, é feita enquanto grandes traders do mercado de petróleo expandem seus negócios. A consultoria diz em um novo relatório que a receita bruta do setor caiu 6%, para US$ 41 bilhões em 2016, exigindo impulso para atingir uma maior escala. 

As duas maiores traders de petróleo do mundo, Vitol e Mercuria, recentemente pegaram parte do negócio da trading Noble Group, enquanto a Glencore, a maior trader do mercado de minérios, está de olho em uma fusão com a Bunge, trader de grãos, como um caminho para expandir seu braço agrícola. 

"A indústria de commodities está se confrontando com uma realidade nova e menos lucrativa", escrevem os autores de The Endgame for Commodity Traders. "Dentro de poucos anos, a indústria terá um perfil diferente - ainda mais dominado pelos grandes players." 

A Oliver Wyman foi aconselhada no relatório pelo co-fundador da Trafigura, Graham Sharp. A consultoria aponta que as margens brutas da indústria tinham ficado em cerca de US$ 44 bilhões em meados desta década, mas agora estão em queda.

Os mais atingidos foram os pequenos e médios traders, definidos por terem uma margem bruta inferior a US$ 500 milhões por classe de commodity, que passaram por uma volatilidade 30% maior nos ganhos do que os grandes operadores. Grandes traders puderam captar uma parcela maior de lucros, com dois terços do mercado de petróleo e gás. 

"Uma maior capacidade de resistência permitiu que os grandes players do mercado tomassem riscos maiores e, por sua vez, isto permitiu que eles buscassem negócios maiores, mais lucrativos e de maior prazo", afirma o relatório. A consultoria identificou a Vitol, Trafigura, Glencore e braços comerciais das petrolíferas BP e Royal Dutch Shell como as maiores beneficiadas por este movimento. 

O relatório também frisa que os investimentos em tecnologia e automação ajudaram a cortar custos operacionais em um terço. 

De acordo com o Financial Times, o aumento do uso de tecnologia, com grandes traders utilizando dados de satélites e radares para monitorar os fluxos e estoques de commodities, ajudou a realizar negócios melhores. "No final, a vantagem da escala e da digitalização andam lado a lado", completa o relatório. "Uma alimenta a outra."

Para competir neste ambiente de competitividade crescente, traders médios podem ter que construir "escala" a partir de parcerias em áreas onde ainda possuem vantagem. 

Big commodity traders to seek scale in pursuit of prosperity