ASSINE
search button

'El País': "As pessoas se cansaram da desordem", diz presidente da Fiat Argentina

Jornal espanhol entrevista o empresário argentino Cristiano Rattazzi

Compartilhar

Nesta terça-feira(17) o jornal espanhol El País traz uma entrevista com Cristiano Rattazzi, dono da Fiat na Argentina, um dos empresários mais conhecidos do país, ele comemora a política de Macri e prevê um futuro econômico próspero.

El País conta que Cristiano Rattazzi (Buenos Aires, 1948), membro proeminente da família Agnelli, chefes históricos da Fiat, dirige essa empresa na Argentina, país em que a indústria automotiva é a chave. Ele nasceu na Argentina, foi para a Itália com 7 anos e retornou em 1981 para ficar. Ele é um dos empresários mais conhecidos do país, sempre muito mediático, o mais feroz ao criticar os Kirchner, embora reconheça que, com seu protecionismo, a Fiat se deu muito bem. Agora ele apoia Mauricio Macri com entusiasmo.

Pergunta. Dois anos se passaram desde Macri, você está satisfeito com a mudança?

Resposta. Noventa anos atrás, a Argentina estava entre os sete países mais importantes do mundo. Não existe um país que tenha tido tal deterioração. O que aconteceu? Se você vê na história foram momentos de populismo. É a primeira vez em anos que existe um governo democrático, eleito, que diz: "Não gosto do populismo". É um salto de 180 graus.

P. Por que você acha que esta vez é diferente?

R. Primeiro porque é um novo jogo. Em segundo lugar, por sua convicção de que a Argentina é um país inserido no mundo e para isso temos que gerenciar bem. E eles são profissionais que provêm de negócios, eles sabem o que precisa ser feito.

P. Muitas pessoas dizem que são tão empresários que não sabem como fazer política.

R. Alguns dizem que vão muito rápido e outros dizem que vão muito devagar. Eles são bons na medida, eles foram muito hábeis.

P. Mas no primeiro ano, 2016, houve uma inflação de 40% ...

R. Foi tudo caótico no primeiro ano. Hoje é a primeira vez que desvalorizou 15% e não passa para os preços, é outra grande novidade para a Argentina. Todos os problemas não podem ser resolvidos em um mês, é uma questão de anos.

P. Se tudo vai tão bem, por que tantas pessoas dizem que estão tendo um mal momento e votarão em Kirchner?

R. O populismo tem um forte domínio e está dizendo que pode resolver qualquer problema. Há 30% que ainda votam em pessoas que são como Ali Baba e os 40 ladrões. Há pessoas que estão acostumadas a viver sob subsídio, de trabalho falso, e que você tem que lidar com o tempo. Que há uma pobreza de 30% é uma vergonha em um país com a riqueza da Argentina, mas esse governo não.

P. A Argentina pode mudar?

R. Sim, mas leva 10 anos. Isso é o que eles preveem, 10 ou 15 anos.

P. Macri não aguenta tanto tempo.

R. Não. Mas eu ouvi peronistas dizerem: "Bem, eu quero que Macri faça bem porque depois eu quero construir sobre o que ele me deixar, em cima de um país ordenado". Eles precisam de 10 anos para se tornar um país próspero. Veja o México há 40 anos e o México hoje. Possui uma poderosa indústria automotiva. Vende quatro milhões de carros no mundo, tem comércio livre com a Coréia, com o Japão, com a Europa ... A Argentina agora faz um total de 500 mil carros e só exporta para o Brasil, porque para o resto está fechada.

P. Poderia a indústria argentina resistir a uma abertura como o México ou o Chile?

A. Se eu pudesse obrigar a comprar apenas carros de uma marca com quatro letras, isso começa com F, e isso termina com T  (para que não seja a Ford) eu adoraria. Mas deixe de lado meu desejo de me proteger e ir ver o que o país quer. O país quer eficiência, competitividade, investimentos. O México é o melhor exemplo do mundo. 

Leia na íntegra 

>> El País