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'Les Echos': Brasil e México caminham para casamento de conveniência

Jornal afirma que os dois países devem fechar acordo comercial antes do final do ano

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Matéria publicada nesta quinta-feira (17) pelo Les Echos analisa que enquanto as negociações para renegociar o Nafta, envolvendo Canadá, os EUA e o México começaram na quarta-feira, em Washington, o México, que sempre acreditou estar ancorado nos Estados Unidos, que absorvem 80% das exportações, agora se volta cada vez mais para os países da América Latina. Isso envolverá principalmente uma aproximação com o Brasil, destaca o diário financeiro.

"Se existem dois países radicalmente diferentes na América Latina e no mundo em termos de integração internacional, eles são o Brasil e o México", declarou recentemente o sociólogo Pedro da Motta Veiga, do Centro de Integração e Desenvolvimento (Cindes) do Rio. 

Les Echos aponta que as duas maiores economias da região estão começando a se relacionar. De um lado Brasil, cuja economia continua a ser relativamente fechada, do outro o interesse do México em diversificar as suas relações comerciais e reduzir a sua dependência dos Estados Unidos, enquanto continua a renegociar o Nafta com  a imprevisível administração Trump.

No comércio, tudo continua quase igual, avalia. O comércio do México com o Brasil e a Argentina não alcançou 10 bilhões de dólares no ano passado, enquanto o comércio com os Estados Unidos ultrapassou 500 bilhões, informa o texto. Mas os diplomatas brasileiros e mexicanos afirmaram no final de maio sua intenção de concluir um novo acordo comercial antes do final do ano. 

Les Echos acrescenta que a prioridade é a indústria e comércio de veículos, incluindo os da Nissan, que está atualmente tem limite de quotas, mas também existe interesse na agricultura. O México já começou a importar milho brasileiro.

Mas a reconciliação vai ainda mais longe, particularmente no domínio da defesa, com negociações em curso para a venda da Embraer no México, destaca. 

"Esta aquisição pode ser atribuída à política norte-americana, que estimula a busca por novos parceiros", disse um funcionário do Ministério da Defesa.

No entanto, alguns analistas consideram isso mais uma retirada tática do que uma verdadeira reviravolta histórica. 

"Se as negociações do NAFTA derem errado para o México, o Brasil torna-se uma prioridade para ele. Mas se chegar a um acordo razoável, o Brasil não vai se tornar uma prioridade", diz Marcus Vinicius Freitas, professor de relações internacionais da Faap, Universidade de São Paulo. 

"É uma maneira do México amortecer um pouco o choque de sua complexa relação com os Estados", conclui.

> > Les Echos