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'Financial Times': Escândalo JBS cria oportunidades para pecuaristas do Brasil

Jornal diz que empresários do setor devem se unir para comprar ativos da empresa

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Matéria publicada nesta terça-feira (25) fala sobre a revolta de fazendeiros de todo o Brasil, em especial do Mato Grosso, que culpam a JBS,pela crise no setor de carnes bovinos, após mergulhar o país em um escândalo de corrupção que está arrastando o governo. 

Segundo a reportagem a gigante dos irmãos Batista acabou por arrastar os preços do gado a níveis baixíssimos.

Times afirma que fazendeiros e os processadores de carne de médio porte estão afiando suas facas para atacar o mercado dominado pela JBS, que agora que está sendo forçada a vender ativos para pagar multas pelo processo de corrupção.

"Seus ativos serão vendidos, e são bons ativos. Há muito interesse ", diz um credor.

A empresa já estava cambaleando após ser deflagrada a operação "Carne fraca" em março, em que os produtores de carne eram acusados ??de pagar fiscais para ignorar os procedimentos de segurança, validade e higiene, levando a UE e a China a suspender temporariamente as importações.

No entanto, o maior golpe ocorreu depois de revelações em maio que Joesley Batista, ex-presidente da JBS, secretamente gravou o presidente do Brasil, Michel Temer, alegadamente discutindo subornos. No final de junho, os EUA suspenderam as importações de carne bovina brasileira, citando "preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos". À medida que os escândalos se desdobraram, os preços do gado caíram mais de 6%, e Ricardo Jacomassi, do TCP Latam, um banco de investimento boutique de São Paulo, prevê que eles poderiam baixar 22% até o final do ano.

Com 30 m de gado, o Mato Grosso é o maior produtor de bovinos no Brasil, o maior produtor mundial de carne bovina depois dos EUA. Entre 2008 e 2012, durante os governos esquerdistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e graças ao apoio do BNDES, banco de desenvolvimento estadual do Brasil, a JBS passou de apenas 13 por cento dos matadouros do estado a 51 por cento. Isso reduziu a escolha dos lugares onde os fazendeiros podiam vender seus gados.

A JBS alugou matadouros de produtores menores, mas não os usou para espremer a concorrência, reivindicando produtores locais e legisladores regionais. "A verdade é que a JBS domina a capacidade de abate do estado", explica Ondanir Bortolini, um legislador estadual que produziu um relatório sobre o mercado de matadouros do Mato Grosso.

Essa estratégia ajudou a JBS a se tornar um "campeão nacional", permitindo, por exemplo, comprar a Swift & Company, uma das maiores marcas de carne de bovino do mundo, por US $ 1,4 bilhão e US $ 2,8 bilhões para Pilgrim's Pride, um produtor de frango dos EUA. A JBS se tornou o maior fabricante de carnes do mundo com operações para o Reino Unido, Canadá e Austrália, acrescenta o FT.

O diário aponta que agora, com suas ações caindo e um compromisso de dívida que foi de R $ 58,6 bilhões (US $ 18,4 bilhões) no primeiro trimestre, de acordo com a JPMorgan, seu patrimônio está diminuindo. Este mês, um tribunal federal permitiu que ele venda suas unidades de carne na Argentina, Paraguai e Uruguai para concorrente Minerva por US $ 300 milhões. JBS também disse que estava vendendo um pátio de alimentação de gado bovino no Canadá por US $ 40 milhões.

Para os fazendeiros, os problemas de JBS apresentam uma oportunidade e, no Mato Grosso, contrataram conselheiros para considerar a compra de ativos atualmente controlados pela JBS. Luciano Vacari, diretor da associação estatal de produtores de gado, Acrimat, diz que a JBS possui 16 matadouros no estado, mas apenas 11 delas estão abertas. "Queremos fazer uma proposta formal para os fechados".

O legislador estadual, Sr. Bortolini, diz que existem produtores locais poderosos o suficiente para desafiar a JBS. Alguns deles têm 150.000 ou 200.000 cabeças de gado. "

A consideração é que vários empresários se juntem para formar cooperativas para fazer aquisições de matadouros fechados e devolvê-los ao mercado. É o que as pessoas aqui querem, complementa.

> > Financial Times