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'The Wall Street Journal': Trump é a maior preocupação da indústria automobilística

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Matéria publicada nesta terça-feira (24) pelo The Wall Street Journal fala que os executivos do setor automobilístico normalmente passam o fim do ano preparando lançamentos e elaborando estratégias para impulsionar as vendas, mas este ano, os líderes de Detroit dedicaram um tempo considerável tentando descobrir como negociar com o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os líderes sindicais estão sendo consultados sobre como reformar o trabalho nas fábricas, membros do conselho estão tentando descobrir quem tem amigos no novo governo deTrump, e comitês especiais foram criados para monitorar a conta do presidente no Twitter.

> > The wall Street Journal Auto Industry’s No. 1 Preoccupation: Trump

O Journal afirma que em um jantar comemorativo durante o Salão do Automóvel de Detroit no início do mês, o diretor-presidente da Ford Motor Co., Mark Fields, disse que releu “A arte da negociação”, de Trump, nos feriados de fim de ano (Editora Campus, 1989, edição em português esgotada). Ele leu o livro pela primeira vez nos anos 80, mas queria entender melhor o novo morador da Casa Branca. As empresas americanas, várias atacadas por Trump frequentemente via Twitter, de repente tiveram que passar a enfrentar uma nova e imprevisível força em suas operações. Entre as farpas, estão o preço pago pelo Pentágono pelos caças da Lockheed Martin Corp. e se a Carrier Corp. fabrica fornalhas em Indiana. Randall Stephenson, diretor-presidente da telefônica AT&T Inc., recentemente se reuniu com Trump, que tem expressado preocupações sobre a proposta de compra daTime Warner Inc. pela gigante das telecomunicações.

De acordo com o diário norte-americano poucos setores passam tanto tempo na mira de Trump como a indústria automobilística americana. Menos de dez anos depois de as montadoras americanas se recuperarem de um colapso graças ao socorro financeiro de Washington, elas vêm sendo chacoalhadas por uma série de tweets de Trump, que as acusa de não estarem suficientemente comprometidas com empregos e investimentos nos EUA, considerando sua forte dependência na produção internacional.

“É um novo território para a maioria de nós”, disse o diretor-presidente da Fiat Chrysler Automobiles NV, Sergio Marchionne, durante uma conversa com repórteres no início do mês. “Nenhum de nós tinha um presidente que usava o Twitter antes. É uma nova forma de comunicação e nós vamos ter que aprender como responder.”

Um porta-voz do governo Trump não respondeu a pedidos de comentários. Em uma entrevista recente, Trump defendeu a pressão sobre empresas como tática para que elas se comprometam a investir nos EUA. “Não estou microgerenciando”, disse ele.

O noticiário acrescenta que os líderes da General Motors Co. e da Ford já falaram com Trump. Bill Ford, presidente do conselho da Ford e bisneto de Henry Ford, o fundador da montadora, foi até Manhattan em meados do ano passado em uma tentativa de amenizar a retórica da campanha.

Decisões recentes das montadoras americanas, incluindo mais de US$ 3 bilhões em investimentos nos EUA anunciados no prazo de duas semanas, foram elogiadas pelo presidente. Durante sua primeira coletiva de imprensa depois de vencer as eleições, ele agradeceu as “três grandes” de Detroit, mas continua a ameaçá-las com um imposto de fronteira sobre importações.

WSJ relata que os executivos do setor automobilístico, que hoje se vê numa situação financeira mais sólida, esperam que haja um lado positivo na atenção dada a eles por Trump — caso eles possam usar as disputas comerciais como uma oportunidade para avançar seus próprios interesses. As montadoras continuam despreparadas para atingir as metas severas de eficiência de combustível impostas pelo governo de Obama, padrões que o indicado de Trump para dirigir a Agência de Proteção Ambiental disse que irá rever. Os executivos das montadoras também dizem que compartilham das preocupações de Trump sobre o risco de outros países desvalorizarem suas moedas.

O texto lembra que em dezembro, membros do conselho da Ford foram informados por executivos dos planos de cancelar a fábrica do México, e a administração aprovou uma nova estratégia para reinvestir nas fábricas existentes da empresa, incluindo uma modernização na fábrica da região de Detroit. Em 3 de janeiro, Ford ligou novamente para informar que a montadora havia desistido da fábrica do México.

Dias depois, o presidente do conselho da Toyota Motor Co., Akio Toyoda, também foi desafiado por Trump e anunciou que investiria US$ 10 bilhões em fábricas americanas nos próximos cinco anos em reformas há muito planejadas.

Toyoda se encontrou com o vice-presidente Mike Pence em Washington um dia depois da apresentação do executivo em Detroit. A Toyota é um grande empregador em Indiana, Estado natal de Pence, finaliza The Wall Street Journal.