ASSINE
search button

'WSJ': Investidores deixam otimismo de lado e ficam mais cautelosos com Trump 

Compartilhar

Matéria publicada nesta segunda-feira (23) pelo The Wall Street Journal conta que os investidores estão mais cautelosos com o início do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma mudança de comportamento em relação aos primeiros dias após sua vitória nas urnas, quando as ações subiram na expectativa de que suas políticas acelerariam o crescimento. O índice S&P 500 ainda está 6,2% acima do nível registrado no dia da eleição, em 8 de novembro, e não chegou a recuar 1% ou mais em nenhum dos 69 pregões desde então. Mas os investidores também estão se posicionando de forma mais defensiva, acumulando mais dinheiro ou protegendo-se contra o possível retorno da volatilidade.

> > The Wall Street Journal Investors Taper Bullish Bets, as Trump Takes Office

Journal informa que os gestores de fundos globais ampliaram os ativos em dinheiro nas suas carteiras este mês para 5,1%, ante 4,8% em dezembro, segundo pesquisa do Bank of America Merrill Lynch divulgado em 17 de janeiro, bem acima da média de 10 anos, de 4,5%. Uma guerra comercial americana e a desvalorização da moeda chinesa foram citadas entre os maiores temores dos investidores, revelou a pesquisa. Outros investidores estão ainda mais preocupados e elevaram as apostas contra as ações na semana anterior à posse de Trump. As apostas na queda no fundo SPDR S&P 500, o maior fundo negociado em bolsa que tem como referência o indicador americano, subiram para US$ 32,9 bilhões em 19 de janeiro ante US$ 30,8 bilhões na semana anterior — revertendo a tendência em vigor nos dois meses após a eleição, segundo a firma de análise financeira S3 Partners.

Reportagem relata que na semana passada as ações das empresas financeiras, que explodiram antes da eleição de Trump, lideraram o recuo do mercado — evidência que os investidores estão perdendo a convicção em alguns negócios após a eleição. O Índice KBW Nasdaq Bank caiu 2,8% nos cinco dias encerrados na sexta-feira. Os investidores tiraram US$ 749 milhões do setor financeiro global na semana até quarta-feira, o primeiro fluxo negativo em 17 semanas, mostra os dados da firma EPFR Global. O ajuste, dizem investidores e analistas, não reflete um recuo amplo do entusiasmo inicial em relação às perspectivas econômicas do país. Ao contrário, os investidores estão moderando suas convicções, dizem eles, enquanto esperam para ver como será o governo Trump e seu efeito mais amplo nas empresas. Eles também estão processando a ansiedade geral sobre como a política vai influenciar o ano nos EUA e no mundo. No dia da posse, na sexta-feira, a Média Industrial Dow Jones subiu no início do pregão, perdeu os ganhos durante o discurso do Trump e voltou a subir para fechar com quase 100 pontos de alta, acumulando no ano um ganho de 0,3%.

O diário norte-americano aponta que a eleição de Trump, o choque no mercado provocado pela Brexit no ano passado e a aproximação das eleições europeias sugerem que os mercados financeiros estão passando por um período em que os riscos políticos parecem superar outros perigos, dizem investidores. É uma mudança, dizem eles, em relação aos anos que se seguiram à crise financeira de 2008, quando as iniciativas de bancos centrais dominaram o curso dos mercados.

Entre os riscos políticos sob a gestão Trump estão mais políticas protecionistas de comércio. Os investidores também esperam estímulos fiscais e cortes de impostos, que podem demorar a ser implementados. Depois da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, dúvidas permanecem sobre as eleições na França e na Alemanha e sobre a extensão das forças populistas que estão varrendo a Europa, finaliza The Wall Street Journal.