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'The Wall Street Journal': Petróleo do México atrai investidores de fora

Reportagem diz que apesar do abalo econômico, mercado está favorável

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Matéria publicada nesta segunda-feira (16) pelo The Wall Street Journal conta que empresas do setor de petróleo dos Estados Unidos estão cruzando a fronteira com o México e despejando dinheiro no setor de energia do país, recentemente desregulamentado, numa aposta de que o peso enfraquecido e outros pontos de estresse econômico não irão atrapalhar negócios promissores no país. A privatização das reservas de petróleo em águas profundas e campos terrestres do México, que começou há 18 meses, representa uma nova oportunidade para os exploradores e investidores que vêm competindo por campos de petróleo nos EUA e Canadá há mais de dez anos.

> > The Wall Street Journal Despite Plunging Peso, Wildcatters Try Making Money on Oil in Mexico

Segundo a reportagem a Riverstone Holdings LLC, firma de private-equity com sede em Nova York que é um dos maiores investidores no setor de energia do mundo, já destinou mais de US$ 1 bilhão em empreendimentos no setor de petróleo mexicano nos últimos dois anos. Isso inclui o financiamento de um par de empresas exploradoras com a meta específica de lucrar com a privatização do setor — Sierra Oil & Gas e Avant Energia, que vão construir e operar dutos e refinarias. Mas os mercados financeiros do México têm se mantido voláteis desde a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, um reflexo de potenciais riscos que poucos investidores poderiam prever um ano atrás. O peso começou a despencar em relação ao dólar à medida que a campanha Trump ganhava força, e o valor da moeda, que serve de termômetro para as perspectivas econômicas mais amplas do México, desabou que ele foi eleito presidente.

O Journal afirma que Trump se comprometeu a renegociar ou retirar-se do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o Nafta, e têm pressionado empresas americanas, como a Ford Motor Co. e Carrier Corp., a reduzir ou cancelar grandes investimentos industriais no México. Suas ações castigaram o peso, que já perdeu quais cerca de 15% de seu valor em relação ao dólar desde a eleição e 27% desde julho de 2015, quando o México realizou seu primeiro leilão de campos de petróleo. O declínio da moeda torna os custos locais das empresas financiadas com dólares mais baratos. Algumas firmas de investimento, incluindo a Riverstone, captaram fundos em pesos, e alguns de seus custos, como o leasing de sondas de perfuração, são muitas vezes faturados em dólares. Então um peso fraco eleva esses custos.

O noticiário norte-americano aponta que os investidores do setor de energia poderiam também enfrentar riscos políticos se uma reação popular contra o presidente mexicano Enrique Peña Nieto aumentar. O presidente mexicano fez da desregulamentação do setor de petróleo uma peça central de sua agenda econômica, mas manifestantes recentemente têm ido às ruas em resposta a cortes governamentais de subsídios à gasolina que fazem parte das medidas de desregulamentação. Isso tem levado alguns observadores a se preocupar sobre o risco de que o processo de privatização pode ser interrompido caso o partido de Peña Nieto não consiga manter a presidência no próximo ano.

Os opositores políticos de Peña Nieto “não podem parar o processo, mas poderiam jogar areia nas engrenagens e realmente atrasar”seu progresso, dizSteven Otillar, sócio do escritório de advocacia Akin Gump Strauss Hauer & Feld LLP, com sede em Houston, que presta serviços em operações do setor de energia do México há vinte anos. Poderia “ser realmente ruim para os negócios”, acrescentou.

O diário observa que a indústria de petróleo do México se manteve como um monopólio gerido pela empresa estatal Petróleos Mexicanos desde 1938. Em 2015, o México foi o 12º maior produtor mundial de petróleo, segundo a revisão estatística de energia mais recente feita pela britânica BP PLC. Mas a produção do México caído, em parte porque o país não tem a capacidade técnica para perfuração em águas profundas. No ano passado, o México produziu cerca de 2,16 milhões de barris por dia, o valor mais baixo desde 1980, de acordo com a Pemex. Em 2013, Peña Nieto promulgou novas leis com a meta de modernizar a indústria, abrindo-a para sócios estrangeiros.

A Riverstone já captou mais de US$ 34 bilhões de investidores desde 2002, acumulando grandes lucros ao investir em operadores de gasodutos e exploradores de xisto dos EUA. A queda recente nos preços do petróleo reduziu o valor de muitas das suas explorações, embora ultimamente a empresa venha divulgando ganhos significativos com a compra e venda de campos de petróleo no Oeste do Texas.

Jason Marczak, especialista em México do Conselho do Atlântico, um centro de estudos suprapartidário de Washington, descreve essas empresas exploradoras de petróleo, como as apoiadas pela Riverstone, como uma espécie de “primeira linha” de investidores para um processo de privatização ainda em fase de testes. Ele diz que o primeiro leilão de dois blocos de perfuração em águas rasas em julho de 2015 ajudou a atrair participantes para ofertas subsequentes.

Pedro Joaquín Coldwell, ministro de Energia do México, diz que o processo tem sido um sucesso. “Conseguimos mostrar Internacionalmente que o México tem um sistema de licitação de contratos de petróleo caracterizado por padrões elevados de transparência e igualdade de condições”, disse ele em entrevista ao The Wall Street Journal.

A Riverstone, juntamente com a empresa de investimento ENCAP LP Investments, também com sede em Houston, e uma unidade mexicana da gigante da gestão de recursos BlackRock Inc., investiram um total de US$ 525 milhões na Sierra, que tem seda na Cidade do México e fez parte de um grupo que, em dezembro, ganhou os direitos para explorar um bloco de águas profundas no país. Naquele mês, a Riverstone também investiu outros US$ 300 milhões na Avant, que também é da Cidade do México e pretende se concentrar na distribuição e processamento de petróleo e gás.