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'WSJ': México leiloa blocos de petróleo para financiar governo

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Matéria publicada nesta segunda-feira (5) pelo The Wall Street Journal conta que o México está preparando a venda dos direitos de exploração de suas ricas reservas de petróleo nas águas profundas do Golfo do México, consideradas as joias da coroa do setor petrolífero do país, aberto para investimentos estrangeiros há apenas três anos. O leilão que será realizado hoje está sendo visto como o primeiro grande teste da capacidade do México de trabalhar com as principais empresas do setor.

Segundo a reportagem, em um momento em que os preços baixos do petróleo estão limitando a produção em outros lugares, as reservas em águas profundas do México chamam a atenção de petrolíferas gigantes como a Exxon Mobil Corp., Chevron Corp., BP PLC e estatais como Statoil ASA da Noruega e a brasileira Petrobras, entre outras. O regulador de petróleo do país espera entregar licenças para a exploração de até dez novos blocos em águas profundas e encontrar um sócio para ficar com 60% do campo de petróleo Trion, localizado ao sul da fronteira entre Estados Unidos e México, que seria explorado em conjunto com a empresa nacional Petróleos Mexicanos, a Pemex.

O Journal afirma que desde que uma reforma ambiciosa abriu o setor de petróleo do México aos investimentos estrangeiros e privados em 2013, houve três ofertas públicas; mas elas ofereceram blocos considerados menos lucrativos em águas rasas e no continente. Embora os leilões tenham atraído algumas empresas globais como a italiana Eni SpA, as maiores petrolíferas do mundo ficaram de fora. Dessa vez, as expectativas do mercado são altas.

O noticiário acrescenta que a produção da Pemex vem caindo há mais de dez anos, e a proximidade do esgotamento da maior fonte de petróleo do México, o campo de Cantarell, em águas rasas, tem forçado o país a mudar seu foco para áreas de águas profundas. Autoridades estimam que cerca de metade das reservas de petróleo com potencial de exploração do México está em águas profundas. O êxito do leilão seria um impulso para uma economia já fraca e cujas perspectivas são sombrias em meio aos preços baixos do petróleo, cortes profundos do orçamento estatal e incertezas sobre o comércio bilateral com os EUA depois da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. Os preços do petróleo caíram 61% desde meados de 2014 e a produção da Pemex caiu 38% desde 2004, para 2,1 milhões de barris diários.

O WSJ fala que depois de 75 anos de monopólio estatal, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto tomou a decisão audaciosa de abrir o setor de petróleo, como parte de uma reforma econômica mais ampla com o objetivo de elevar a competitividade e os investimentos em setores essenciais do país. Peña Nieto transformou a reforma do setor de petróleo em uma peça central do plano para reinventar a fortemente endividada Pemex e obter royalties lucrativos de investidores estrangeiros para financiar os programas do governo. Cerca de 18% do orçamento federal do México vem do petróleo. O campo Trion foi descoberto em 2012 e suas reservas comerciais são estimadas em 485 milhões de barris. Autoridades seniores do Ministério da Energia afirmam que ficariam satisfeitas se quatro blocos de águas profundas fossem arrematados no leilão, além de fechar uma parceria para a Pemex no Trion.

De acordo com o Wall Street Journal a estatal Pemex não possui a experiência técnica para construir a infraestrutura submarina necessária para explorar petróleo bruto em águas profundas, e a união com uma empresa internacional experiente era impossível antes das reformas no setor. Explorar o campo Trion, por exemplo, exigirá investimentos estimados em US$ 11 bilhões. Não está claro qual é o nível de reservas disponíveis nos dez blocos inexplorados, e as petrolíferas competirão junto com a Pemex para obter licenças de exploração e produção. Quatro dos blocos são localizados próximos do campo Trion, no cinturão de Perdido, região de águas profundas onde gigantes como a Royal Dutch Shell PLC, Chevron e BP já estão explorando petróleo do lado americano do Golfo a uma taxa de 65 mil barris diários.

Analistas também estão monitorando para ver se grandes petrolíferas farão lances formais por seis blocos adicionais localizados na área meridional do Golfo do México, conhecida como Bacia Salina. Pouco se sabe sobre o potencial das reservas dessa área, comparado com os campos ativos no norte do Golfo, conclui The Wall Street Journal.