O jornal argentino Clarín publicou nesta sexta-feira (28) uma entrevista com Luis Pagani, CEO e presidente da empresa Arcor. Pela sétima vez consecutiva, Arcor e Pagani lideraram os rankings de reputação corporativa do Mercosul e de líderes empresariais. No ano passado, o gigante argentino teve uma receita de US$ 3,2 bilhões. A Arcor tem 40 fábricas (30 na Argentina), uma produção diária de três toneladas de produtos, é o principal produtor de balas do mundo e o maior exportador de guloseimas da Argentina. Sua receita de mais de US$ 270 milhões anuais é gerada principalmente na Argentina.
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O jornal argentino conta que nos últimos três anos, de 2013 a 2015, a receita da multinacional argentina vem caindo e neste ano Luis Pagani, prevê uma nova queda de 1,5% em volume, o que representa US$ 200 milhões a menos de receita.
Apesar de tudo, o empresário se mostra otimista de maneira geral, mas remarca as dificuldades em termos de competitividade. Embora a desvalorização do peso ajude, “os altos custos de logística e a carga tributária afetam nossas exportações”, disse Pagani em um trecho da entrevista ao Clarin.
– No ano passado o senhor dizia que era possível sair rapidamente desta crise. Ainda pensa assim?
– Nós saímos surpreendentemente bem de alguns problemas que tínhamos, como a barreira cambial e a negociação da dívida. Nós gostaríamos de ver uma aceleração econômica maior. Por que demora tanto? As obras de infraestrutura estavam paradas e muitas empresas que dependem do mercado interno tinham excesso de estoque. E também existe uma indústria que depende do Brasil. Mas há sinais positivos. As obras de infraestrutura começaram a se mover e o Brasil parou de cair.
– O senhor acha que o governo Macri conseguirá finalmente domar a inflação?
– A política de taxas do Banco Central está marcando uma tendência. Ela é efetiva, mas com um sacrifício alto para a economia. E atrasa os investimentos.
– A Arcor é uma empresa alimentícia. Como o consumo está evoluindo?
– Os negócios de biscoitos e alimentos se mantiveram, inclusive com algum crescimento. Mas isso não aconteceu com os segmentos de guloseimas e chocolates, que caíram.
– As exportações da Arcor caíram, especialmente na Argentina. O senhor prevê uma recuperação?
– A perda de competitividade eu deixo do portão da fábrica para fora. E é preocupante porque se sente nas exportações. Por logística e carga tributária, a Argentina perde. Mas para nós é importante exportar a partir daqui, porque nossas fábricas estão preparadas para 300 milhões de consumidores, não para 45 milhões.
– Houve anúncios relacionados à infraestrutura na Argentina. Eles não são suficientes?
– Eu penso que estão bem orientados, mas a infraestrutura não se faz em um ano. Até isso acontecer teríamos que pensar, governo e setor privado, como nós podemos destravar algumas desvantagens. O governo diminuiu impostos e repôs reembolsos, mas isso não é suficiente. A logística é cara e não há alternativas para o caminhão. Em uma indústria como a nossa, os mercados externos são muito importantes.
– Que tipo de solução o senhor imagina?
– Nós precisamos ser criativos. Poderia ser, provisoriamente, conceder algum tipo de subsídio para os combustíveis ou para a carga dos caminhões. Resolver o déficit de infraestrutura vai demorar anos e precisamos pensar em alguma fórmula para compensar essa perda de competitividade.