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'Grande questão do país é fiscal', alerta Luiz Guilherme Schymura

Diretor do Ibre comentou sobre impactos da PEC 241 e Reforma da Previdência

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O diretor da FGV/Ibre, Luiz Guilherme Schymura, acredita que o grande problema do Brasil hoje é a questão fiscal, que precisa ser atacada no médio e no longo prazo. "A economia vai retomar em algum momento. A grande questão, creio, no cenário econômico brasileiro, é fiscal. Nós estamos vivendo uma situação que traz grandes dificuldades, estruturalmente", frisou Schymura, em debate na última sexta-feira (21).

Schymura apontou que o governo de Michel Temer tenta atacar a questão fiscal do país, no médio prazo, com a PEC 241, chamada de PEC do Teto de Gastos, e, no longo prazo, com a Reforma da Previdência, que, para ele, é "essencial".

"Sem dúvida nenhuma, a Reforma da Previdência é essencial, fundamental, para que se resolva o problema de longo prazo, estrutural, fiscal brasileiro. Vamos aguardar o que o Executivo vai enviar para o Congresso e o que vai sair depois do Congresso com a reforma definitiva", comentou o diretor do Ibre.

A questão do médio prazo, porém, preocupa Schymura. Ele ponderou que, embora a PEC dos gastos, aparentemente, vá ser aprovada pelo Congresso, "até porque já teve uma primeira rodada na Câmara que foi aprovada e agora tudo indica que vai passar nas duas casas", e seja "fundamental para a solvência do setor público brasileiro" para evitar a "dominância fiscal ou retorno da inflação mais forte", também traz desafios.

De acordo com levantamento do Ibre, em um cenário com todos os programas do governo mantidos, respeitando todas as regras, e sem a aprovação da PEC 241, o tamanho do governo central ficaria entre 21% e 22% em 2026. Se a PEC for aprovado, entretanto, vai reduzir o tamanho do governo central para 14% ou 15%, parecido com o tamanho do governo em 1997. "[O] aumento de salário mínimo, vários programas sociais, fizeram com que o tamanho do governo central aumentasse da forma que aumentou."

"Ou seja, nós teremos, até 2026, que reduzir o tamanho do governo central em um terço. Isso não é pouca coisa, é uma queda significativa e vai significar uma grande coordenação dentro da sociedade brasileira para que esse número seja alcançado", alertou.

Schymura participou de seminário em celebração aos 70 anos do economista Antônio Carlos Pôrto Gonçalves, no Centro Cultural da FGV.

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