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'Clarín': Macri finalmente admitiu que a economia só crescerá em 2017

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Matéria publicada nesta sexta-feira (29) pelo jornal argentino Clarín conta que o presidente Mauricio Macri disse publicamente dias atrás: “No fim do segundo semestre vamos ver sinais de futuro crescimento. No ano que vem vamos crescer 3% ou 3,5%”. Os ministérios da área econômica vêm algo similar ou até mesmo uma foto mais crua do que a da Casa Rosada, a sede da Presidência: nem sequer no fim do segundo semestre haverá algum crescimento e a aposta passou para 2017. O Banco Central não vê uma recuperação no curto prazo e acredita que no ano que vem haverá um crescimento devido a um aumento das exportações e do investimento.

De acordo com o Clarín o que explica a demora da reativação? Basicamente a queda do consumo. A turbina número um da atividade econômica na Argentina é o consumo privado, que representa 67% do PIB, segundo um cálculo da consultoria LCG. Isso significa que se o consumo crescer 1%, o produto crescerá 0,67%. O consumo vem caindo e em junho caiu 5,9%. Por quê? Por causa da perda do poder aquisitivo devido ao salto inflacionário. O outro componente de relevância é o consumo público (gasto público). Nesse quesito alguns setores cresceram abaixo da inflação no primeiro semestre, como salários e subsídios, enquanto que as aposentadorias cresceram no ritmo da inflação. O setor externo também contribui para a geração de valor agregado na economia argentina, mas atualmente ele é quase nulo porque as exportações são quase compensadas pelas importações. Um exemplo é a indústria automotiva. “Além do mais, as exportações vão estar condicionadas por um mundo em baixo crescimento, com o principal parceiro comercial mergulhado em uma crise econômica e política de uma magnitude difícil de quantificar e o tipo de câmbio estará mais caro do que competitivo”, diz Agustín Bruno, economista da consultoria LCG.

O Clarín fala que finalmente, existem os canais do crédito e da obra pública. As políticas do governo até agora não impulsionaram a contribuição desses canais para o crescimento. O Banco Central parece se sentir confortável com as taxas acima de 30% e o investimento em infraestrutura foi um dos componentes menos dinâmicos do gasto público no primeiro semestre. A obra pública contribui com 3,6% do PIB. O que os economistas esperam deste ano? Fausto Spotorno estima que o PIB cairá 2,4% no terceiro trimestre e que se estabilizará no quarto trimestre. Para o ano inteiro ele prevê uma contração de 1,3%. E o governo estima que as exportações vão recuperar terreno porque o prejuízo sofrido nos últimos anos foi mais causado pela barreira cambial do que pelo atraso do dólar. Mario Quintana, secretário da Casa Civil da Presidência, disse nesta semana que a Argentina terá um tipo de câmbio apreciado durante muito tempo. O Banco Central tem essa mesma visão sobre as exportações e o dólar.

Governo e setores privados esperam uma reativação do investimento. Mas sua contribuição para o crescimento será baixa: se o investimento crescer 1%, o PIB cresceria apenas 0,17%, finaliza o Clarín.