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'WSJ': Fed deixa porta aberta para elevar juros ainda neste ano

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Matéria publicada nesta quinta-feira (28) no The Wall Street Journal conta que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, melhorou sua avaliação do desempenho recente da economia dos Estados Unidos e afirmou que os riscos econômicos de curto prazo diminuíram, efetivamente deixando a porta aberta para uma alta dos juros neste ano, possivelmente já em setembro. Nove dos dez membros do comitê de política monetária do Fed votaram a favor de manter inalterados os juros de referência do banco central, a chamada taxa dos fundos federais, entre 0,25% e 0,5% ao ano, mas ofereceram uma descrição mais positiva do mercado de trabalho e de outros setores da economia.

O texto do WSJ afirma que o mercado de trabalho se “fortaleceu”, afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, da sigla em inglês), depois de sua reunião de dois dias, que terminou ontem. A afirmação foi mais positiva do que a avaliação feita pelo comitê há seis semanas, quando ele afirmou que a velocidade de crescimento das vagas de empregos havia diminuído. O ritmo de contratações voltou a crescer em junho, para 287 mil novos postos de trabalho, ante apenas 11 mil em maio. Além disso, os dirigentes do Fed disseram que os gastos das famílias “cresceram fortemente” e que a atividade econômica está se expandindo a uma “taxa moderada”.

“Os riscos de curto prazo para o cenário econômico diminuíram”, disseram as autoridades do Fed, outra pista de que estão propensos a elevar as taxas de juros de curto prazo nos próximos meses. A avaliação dos riscos feita pelo Fed é um possível indicador da direção de sua política monetária. Quando vê que os riscos estão em alta, o Fed mantém os juros inalterados ou corta as taxas para estimular a economia. O Fed não citou os riscos nas suas duas últimas reuniões. Ao afirmar que eles diminuíram, a instituição parece estar indicando que pode elevar os juros em breve, embora isso não seja certo.

De acordo com o Journal o comunicado sugere que os dirigentes do Fed estão menos preocupados com o cenário econômico do que estavam em junho, quando dados fracos de geração de empregos em maio, o pequeno crescimento da economia americana no primeiro trimestre e a proximidade do referendo do Reino Unido provocaram dúvidas sobre o cenário e sobre uma alta nos juros. A decisão do Fed de elevar ou não os juros dependerá dos dados econômicos divulgados nas próximas semanas. A declaração de ontem basicamente deixou as opções abertas para a próxima reunião, em 20 e 21 de setembro. Antes de o Fed divulgar seu comunicado, operadores dos mercados futuros estimavam em quase 21% a probabilidade de um aumento nos juros em setembro e em torno de 50% as chances de que haja pelo menos uma alta até a reunião de dezembro. O Fed continua observando a situação fora do país para detectar novas ameaças à economia. Como em junho, o Fed afirmou que iria “monitorar de perto os indicadores de inflação e os eventos econômicos e financeiros globais”.

O jornal norte-americano fala que depois da reunião do Fed em junho, o Reino Unido surpreendentemente decidiu deixar a UE. Antes do referendo, a presidente do banco central, Janet Yellen, havia dito que tal decisão “poderia ter repercussões econômicas significativas”. As consequências para os EUA têm sido limitadas até o momento. Os mercados financeiros, em grande parte, ignoraram as reações imediatas e os índices de ações dos EUA atingiram novos picos nas últimas semanas. A avaliação do Fed sobre os riscos globais, ontem, indicou seus dirigentes estão menos preocupados com as possíveis turbulências decorrentes da Brexit. Eles, porém, ainda enxergam ameaças latentes na Europa no médio e longo prazo e também se preocupam com a desaceleração econômica da China. Se a geração de emprego e outras medidas essenciais da saúde da economia americana continuarem melhorando até a reunião de setembro, o Fed pode finalmente levar avante o seu plano de elevar os juros neste ano.

The Wall Street Journal concluiu que o comunicado de ontem transfere as atenções para o discurso que Yellen deve fazer em 26 de agosto, durante o simpósio econômico anual de Jackson Hole, quando a líder poderá sinalizar para onde vão os juros. Em dezembro de 2015, o Fed elevou a taxa dos fundos federais em 0,25 ponto percentual ao ano, depois de tê-la mantido perto de zero por sete anos, e divulgou planos de aumentar os juros no decorrer de 2016. Durante sete meses, porém, os planos do Fed foram adiados pelo fraco crescimento no primeiro trimestre, a volatilidade no mercado de trabalho no segundo e as incertezas em torno do referendo britânico. A presidente da regional do Fed em Kansas City, Esther George, votou contra a decisão do comitê ontem porque preferiria elevar os juros imediatamente.