George Soros afirmou nesta quinta-feira (30) no Parlamento Europeu que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeu "desencadeou" uma crise nos mercados financeiros semelhante a de 2007 e 2008.
"Isto tem vindo se desenrolando em câmara lenta, mas o Brexit acelerou. É provável que vá reforçar as tendências deflacionárias que são já predominantes", disse o investidor norte-americano de origem húngara, citado pela agência Bloomberg.
Soros frisou que o setor financeiro da Europa Continental ainda não se recuperou da crise financeira do final da década passada e que, por isto, vai ter que passar por uma "prova rigorosa". "Sabemos o que tem que ser feito. Infelizmente, os desentendimentos políticos e ideológicos dentro da Zona Euro colocaram-se no caminho."
Ele tinha alertado, antes da realização do referendo, que uma decisão pelo Brexit levaria a libra a registrar grande desvalorização, em torno de 20% face ao dólar. "A libra afundou, a Escócia ameaça sair [do Reino Unido] e alguns dos trabalhadores que apoiaram a campanha pela ‘saída’ começaram a tomar consciência do futuro sombrio que tanto o país como eles enfrentam. Mesmo os que venceram com a ‘saída’ recuam nas alegações desonestas reveladas antes do referendo sobre o Brexit", apontou Soros.
Soros ressaltou ainda que a "ortodoxia" alemã tem prejudicado uma recuperação europeia da última crise, em relação ao desempenho econômico de outras regiões do mundo.