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'WSJ': Opep está perdendo a capacidade de estabilizar o mercado de petróleo

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O jornal norte-americano The Wall Street Journal traz nesta quarta-feira (25) uma matéria onde analisa que a capacidade da Opep em reduzir o impacto de um choque da oferta do petróleo está diminuindo. Por meio século, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo protegeu o mercado global do combustível, reduzindo a produção para eliminar excedentes e aumentando a exploração para evitar escassez. Agora, próximo à sua reunião de 2 de junho, em que será discutido um modo de estabilizar o mercado mundial de petróleo, o cartel não tem nem o consenso político para cortar a produção nem a capacidade técnica para elevá-la de forma significativa.

Segundo a reportagem, desde o ano passado, os membros da Opep não conseguiram chegar a um acordo sobre cortes na produção para limitar um excedente que derrubou os preços em mais de 50% desde 2014. Em vez disso, eles continuaram produzindo a todo vapor. Agora que recentes interrupções no fornecimento elevaram as cotações, o cartel mostra pouca flexibilidade para elevar a produção. Neste ano, a capacidade extra de produção da Opep — o volume que ela pode produzir em 30 dias e manter por pelo menos 90 — vai recuar para seu menor nível desde 2008, segundo estimativa da Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA). O órgão informou que a capacidade extra da Opep irá cair mais de 22% neste trimestre em relação ao anterior.

De acordo com o texto do Journal, a Opep ainda não precisou recorrer à sua capacidade extra para fazer frente às interrupções porque um volume recorde de petróleo foi armazenado quando os preços estavam baixos, criando um colchão contra choques de oferta. Com a redução desses estoques e a queda da produção de países de fora da Opep, a organização pode ter dificuldade para atender a demanda. Segundo a EIA, a capacidade extra da Opep cairá para 1,25 milhão de barris por dia no terceiro trimestre — um nível não visto desde 2008, quando os preços do petróleo atingiram o pico de US$ 147 por barril, em meio a um aperto na oferta e o aumento da demanda chinesa.

A capacidade da Opep para elevar a produção está centrada em seu maior produtor, a Arábia Saudita, que sempre respondeu por praticamente toda a capacidade extra do grupo. Desde que os preços começaram a cair, em 2014, a petrolífera estatal saudita reduziu investimentos em produção nova. A produção de novos campos foi, em grande parte, anulada pelo declínio natural dos mais antigos. As autoridades sauditas há muito dizem que podem ampliar a produção em cerca de dois milhões de barris por dia acima da produção recorde atual, de 10,2 milhões de barris diários. Mas esses dois milhões de barris podem não ser obtidos no curto prazo, diz uma autoridade.

A capacidade extra da Opep está minguando num momento em que interrupções na produção de países de fora da Opep, como Canadá e Colômbia, e na Nigéria, um membro do grupo às voltas com a violência, tiraram dos mercados globais de petróleo mais de três milhões de barris por dia só neste mês.

A habilidade da Opep de impulsionar rapidamente a oferta não era um problema para os mercados desde 2008, finaliza o The Wall Street Journal.