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'WSJ': Nova fuga de investidores atormenta a Europa

As notícias decepcionantes sobre os lucros não vieram apenas dos bancos

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Nesta terça-feira (24) o The Wall Street Journal traz uma matéria onde analisa os motivos e consequências da fuga de investidores da Europa. Gestores de fundos estão retirando recursos dos mercados de ações e de renda fixa da Europa em resposta às preocupações com os conflitos políticos, juros ultra baixos e bancos enfraquecidos do continente, além de uma persistente crise econômica.

Segundo o Journal, investidores venderam por 15 semanas papéis de fundos negociados em bolsa (ETFs) que acompanham ações europeias — o período mais longo desde 2008 —, segundo o banco suíço UBS Group AG. Ao mesmo tempo, a saída líquida de recursos dos títulos de dívida da zona do euro já atingia cerca de meio trilhão de euros no fim de março, de acordo com análise da gestora de fortunas Pictet Wealth Management, também da Suíça, com base em dados do Banco Central Europeu. O movimento é um reflexo de os investidores estarem evitando a crescente oferta de dívida com rendimento negativo na Europa.

De acordo com a reportagem, o dinheiro está encontrando um novo lar em ativos como os títulos do Tesouro dos Estados Unidos e as economias emergentes, ajudando a impulsionar os preços nesses mercados. Até o ano passado, a Europa era uma das opções preferidas dos gestores de fundos globais, num momento em que a região se recuperava da crise de dívida soberana ocorrida entre 2010 e 2012. O recuo atual mostra que essa recuperação está perdendo força, e rápido. Em 2015, o estímulo monetário do BCE e uma incipiente recuperação econômica levaram os investidores de volta à Europa, depois de eles terem debandado durante a crise de dívida da zona do euro. O índice de ações Stoxx Europe 600 subiu 6,8% em 2015, enquanto o S&P 500, dos Estados Unidos, caiu quase 1%.

Agora, diz o The Wall Street Journal, os investidores estão indo embora de novo. Nas últimas semanas, eles têm vendido ações em todo o mundo, receosos com a economia global. Mas a venda na Europa tem sido particularmente significativa. Desde março, os fundos venderam cerca de US$ 22,6 bilhões em ETFs que seguem ações europeias, o que equivale a cerca de 9,4% do total mantido por eles, segundo Gheedia. Enquanto isso, as posições dos gestores de fundos globais em ações da zona do euro recuaram em maio para os menores níveis em 17 meses, segundo pesquisa do Bank of America Merrill Lynch. Quando as perspectivas pareciam melhores, no ano passado, cerca de 55% dos gestores de fundos favoreceram a região.

O texto do jornal norte-americano afirma que o setor bancário é o que acumula o pior desempenho na Europa, com queda de quase 19%. Os investidores estão com receio de que os juros negativos corroam as margens das instituições, enquanto os bancos no sul da Europa continuam às voltas com a inadimplência. Isso pode ser um golpe num continente onde as empresas dependem de empréstimos bancários para cerca de 75% de suas necessidades de financiamento. Os bancos também representam uma fatia desproporcional dos mercados locais de ações. A preocupação dos investidores com os bancos já estava tomando forma depois de uma série de resultados fracos nos últimos trimestres. E as notícias decepcionantes sobre os lucros não vieram apenas dos bancos. No geral, os resultados trimestrais só ampliaram as dúvidas dos investidores sobre a lucratividade das empresas na Europa, finaliza o The Wall Street Journal.