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Investimento em bens de capital segue em trajetória de queda, mostra Ipea

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A taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede o quanto as empresas investiram em bens de capital, caiu 14,1% em 2015, levando os investimentos líquidos no país a sofrer uma perda de 40%. Dados divulgados hoje (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a FBCF do primeiro bimestre caiu 1,7% em relação aos últimos três meses de 2015, já descontados os efeitos sazonais.

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, se o ritmo do último trimestre de 2015 se mantiver, a FBCF cairá 7,8% este ano, mas a tendência é que o decréscimo seja mais acentuado.

A FBCF tem um peso grande no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. Em 2015, a taxa contribuiu com - 2,72 pontos percentuais para a queda do PIB, que registrou queda de 3,8%. “O que a gente pode concluir por meio desse número (previsão de queda de 7,8% da FBCF) é que o cenário recessivo ainda não se esgotou, que a redução do PIB não parou”, analisou o economista.

Os dados sobre a FBCF fazem parte da Carta de Conjuntura do Ipea. O documento, segundo Souza Júnior, mostra que a redução do investimento “está diminuindo a nossa capacidade de crescimento”. Na opinião do economista, a resposta para a crise da economia brasileira não será rápida nem fácil. “A gente tem que construir uma melhora de perspectiva de médio e longo prazo nas finanças públicas, que é condição necessária e essencial para qualquer retomada com maior fôlego.”

As mudanças, segundo o economista, devem ter foco principalmente na sustentabilidade das contas públicas, o que nem sempre pode ser feito apenas pelo Executivo, porque dependem de mudanças legais e constitucionais.

Desemprego

O Ipea identificou como pontos positivos no cenário atual o aumento das exportações e a desaceleração da inflação ao consumidor. “Embora ainda tímida, está ocorrendo”.

Já o aumento do desemprego registrado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, não favorece o crescimento do PIB, segundo o Ipea. Até março, o desemprego acumulado em 12 meses atingiu mais de 1,8 milhão de trabalhadores formais.

Segundo o economista do Ipea, o desemprego está reagindo à queda na atividade econômica. “O PIB cai, se produz menos e aí, pessoas são mandadas embora”. A tendência, segundo Souza Júnior, é de continuidade da queda do nível de emprego em 2016. “É uma tendência forte, não há muito o que fazer, a não ser melhorar as perspectivas da economia para evitar um cenário ainda pior.”