ASSINE
search button

Unimeds acumulam dívida acima de R$ 1,2 bilhão,fazendo governo temer calote 

Fazenda reconhece certos procedimentos adotados pelaempresa como criminosos

Compartilhar

A dívida das unidades da Unimed com a União ultrapassou R$ 1,247 bilhão e o governo teme cada fez mais o risco de um calote por parte da empresa. Esse valor corresponde a débitos tributários e previdenciários inscritos na dívida ativa. 

O caso da unidade de Brasília, que teve um pedido de insolvência acatado pela Justiça, é um dos que chama mais atenção. Sua dívida com a União ultrapassa R$ 426 milhões, com 90% do valor referente ao não repasse ao governo de imposto retido. 

A Unimed de São Paulo conseguiu na segunda-feira (8) uma ação cautelar derrubando a liquidação extrajudicial decretada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).Sua dívida com a União é de cerca de R$ 163 milhões. 

No Rio de Janeiro, o valor já chegou a R$ 127 milhões. Em Minas Gerais, superam R$ 79 milhões. No Rio Grande do Sul, R$ 30 milhões e no Paraná, R$ 25 milhões. No Ceará, a dívida atingiu R$ 263 milhões.

O uso de diferentes CNPJs pelo país faz com que a cobrança dos débitos pelo governo seja difícil. No entanto, diversos outros fatores contribuem fortemente para o aumento da dívida, inclusive procedimentos adotados pela Unimed que são reconhecidos como criminosos pela Fazenda, como recolher o INSS, mas não pagar o valor correspondente aos funcionários. Ao agir desta forma, a cooperativa se apropriou de um dinheiro que não seria dela mas dos trabalhadores. Aparentemente, o governo perdeu a tributação das cooperativas e não consegue cobrar a dívida, cada vez maior.

A União teme não apenas o calote, mas também que outras empresas de plano de saúde sigam o mesmo caminho da Unimed, entrando na Justiça com pedido de insolvência e blindando seu patrimônio. Uma vez declarada como insolvente, as penhoras determinadas anteriormente para a empresa pagar a dívida são suspensas. Dessa forma a cooperativa segue devendo, não pagando, no entanto, os credores públicos. 

Enquanto a maioria de suas dívidas está travada na Justiça, a Unimed segue patrocinando eventos esportivos, times de futebol e investindo em campanhas publicitárias na televisão.  

Procurada pelo jornal "Valor Econômico" para comentar sobre as dívidas com o governo, a Unimed Brasil enviou a seguinte nota:

"Apesar do setor de saúde suplementar possuir reservas técnicas na ordem de 40%, que constituem valores considerados como necessários e suficientes para o pagamento futuro de contingências, a incorporação de novas tecnologias, inflação oficial e judicialização são alguns dos fatores que contribuem diretamente para a instabilidade econômica de operadoras de planos de saúde e de cooperativas médicas".