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'La Nación': Brasil volta a ser a meca do turismo argentino

Dólar mais forte, real mais barato e possibilidade de parcelamento contribuem para essa  mudança

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A combinação de atraso cambial do peso frente ao dólar, a possibilidade de pagar em 12 vezes sem juros e um real cada vez mais desvalorizado prometem se tornar a fórmula perfeita para os turistas argentinos que por estas horas estão definindo o lugar de suas próximas férias. É o que diz um artigo de Alfredo Sainz, do jornal argentino La Nación.

Se na indústria explicam que as eleições deste ano acrescentaram um fator de incerteza adicional, também destacam que o Brasil já figura como o grande vencedor do verão 2015/16.

"Há 12 semanas os pacotes e vôos para o Brasil representavam 10% de nossas vendas e hoje chegam a 20%, em um contexto de crescimento de todos as viagens internacionais. O Brasil, aliás, está ganhando participação em relação a outros destinos tradicionalmente procurados pelos argentinos. Hoje um pacote com vôo incluído e na base dupla a Salvador pode ser adquirido por 15.000 ou 16.000 pesos contra 23.000 ou 24.000 por uma viagem ao Caribe", afirma Marcelo Grether, diretor comercial da agência de viagem Avantrip.

Grether explica que o interesse em alta dos argentinos pelo Brasil não é novo, mas reconhece que a medida que se aprofunda a queda da cotação do real cresce a demanda dos turistas argentinos.

Na sexta-feira passada a moeda brasileira caiu mais 0,7% até alcançar 3,87 reais por dólar e já se aproxima da barreira psicológica dos 4 reais, ainda que ontem, ao conhecer o novo ajuste que o governo Dilma aplicará, voltou a se valorizar a 3,81 reais por dólar.

De acordo com os dados do Indec, o saldo de divisas do turismo acumula seis meses consecutivos de resultados deficitários. Entre janeiro e julho ingressaram via turismo na Argentina US$ 1677 milhões e saíram US$ 2534 milhões, o que significa um déficit de 857 milhões. E se espera que esse déficit se aprofunde durante os próximos meses, na medida em que se mantenha a atual política cambial.

"As pessoas estão comprando mais passagens não só porque buscam se protegerem diante de uma eventual desvalorização. Creio que um fator psicológico também influi. A ideia de antecipar compras serve para começar a cancelar cotas e não deixá-las todas para depois de voltar da viagem. E também há uma mudança nos hábitos dos argentinos, que no último tempo recomeçaram a valorizar mais a ideia de viajar ao exterior, em muitos casos a costa de resignar outros consumos", sustentou Martín Romano, diretor geral de Atrápalo Argentina, a agência online espanhola que desembarcou no país no final de 2013.

A outra face da febre de turistas argentinos no Brasil é o panorama da indústria turística argentina. "O golpe que a desvalorização do real significa para toda a região é muito grande, porque para todos os países os visitantes brasileiros eram os que lideravam o gasto turístico. Mas no caso argentino vai se sentir com força especial porque o mercado local havia se tornado muito dependente do Brasil diante da redução de outros clientes como os passageiros corporativos", explica Arturo García Rosa.