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Brasil toma 'medidas desesperadas em tempos desesperados', diz 'Economist'

Assolado por dados econômicos sombrios, Dilma Rousseff lança um desafio ao Congresso

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A nova edição da revista The Economist que chega às bancas neste fim de semana aborda a crise econômica e política brasileira citando um enfraquecimento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e os riscos que o Brasil enfrenta ao entregar para o Congresso a responsabilidade de resolver parte dos problemas fiscais. Para a revista, a perda de espaço e prestígio de Levy nas recentes negociações sobre o tema "é um mau presságio".

“Quando uma presidente tem uma taxa de um dígito de aprovação, enfrenta pedidos por seu impeachment, e perdeu controle de sua base política, ela está numa posição de fazer um jogo duro com os parlamentares de seu país?”, questiona o artigo. “Os brasileiros vão descobrir em breve”.

“No dia 31 de agosto, Dilma Rousseff, enviou ao Congresso um orçamento parar 2016 com um déficit primário de 30,5 bilhões de reais (US$ 8 bilhões), ou 0,5% do PIB, desafiando seus membros a fecharem esse buraco. Foi uma ruptura com as práticas de moeda segura que têm sustentado a economia do Brasil. Alguns críticos dizem que a medida foi ilegal. Certamente nada parecido aconteceu desde pelo menos o ano de 2000, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso transformou as finanças públicas”.

O artigo cita Mansueto Almeida, ‘o economista que é crítico de Dilma Rousseff, afirma que embora a lei requer que o executivo mostre como seus gastos são sustentados, permite um aumento na dívida. Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Tribunal de Contas da União, concordou que a presidente, cujos supostos delitos orçamentários foram investigados por ele, agiu legalmente dessa vez.

‘Legal ou não, a medida enfraquece o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que teria feito lobby para mais cortes de gastos e era uma figura reconfortante para os mercados", diz a Economist.

A revista lança uma questão: “Existe uma saída?”. “Parece improvável que os aumentos dos impostos possam ser evitados: cerca de 90% do orçamento é comprometido, deixando pouco critério para cortes de gastos. Se o governo fosse forte e confiante, deve reconhecer a necessidade de um aumento da dívida em curto prazo enquanto procura maneiras de limitar gastos com pensões, saúde e educação, e aplicando um plano de longo termo para restaurar a saúde fiscal. Mas empurrar essas reformas através do Congresso vontade política e capital, e isso não foi feito durante os anos de bonança do Brasil quando teria sido mais fácil. Agora, diz Almeida, ‘Estamos pagando por todos os erros dos últimos cinco anos.’ O mistério, acrescenta ele, é por que o Brasil ainda não perdeu seu grau de investimento”, conclui o artigo.