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'El Cronista': Exportações argentinas para o Brasil caíram quase 30% em agosto 

Baixa das vendas do setor automotivo ao país vizinho explicam grande parte do forte retrocesso. 

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O déficit comercial argentino com o Brasil voltou a se deteriorar em agosto devido principalmente à forte queda que as exportações experimentaram de 27,9% e alcançaram um valor historicamente baixo de US$ 777 milhões, similar aos registrados em 2009 em plena crise internacional, noticia o jornal argentino El Cronista, em artigo de Mariana Shaalo publicado nesta quarta-feira (02/09).

De acordo com a consultoria Abeceb.com, a retração das exportações esteve em grande parte causada pelo setor automotiva mas também se verificaram quedas em minerais e combustíveis, e metais e suas manufaturas.

"Entre os fatores que a explicam estão os menores preços junto com uma menor demanda brasileira. No entanto, também deve se levar em conta a deterioração da competitividade das exportações argentinas, também agravada com as sucessivas desvalorizações do real brasileiro", destacaram.

A desvalorização da moeda brasileira dos últimos meses determinou que o Brasil pudesse melhorar suas contas externas e acumular um superávit comercial de US$  7297 milhões entre janeiro e agosto, seu melhor resultado para o período desde 2012.

No entanto, as boas notícias para o Brasil determinaram uma deterioração na balança comercial bilateral argentina que registrou um déficit de US$ 248 milhões quando no mesmo mês do ano passado o saldo havia sido menos deficitário, situando-se em US$ -85,2 milhões.

Entre janeiro e agosto o intercâmbio comercial entre os dois maiores sócios do Mercosul caiu 16,8% e assim desde 2011 acumula uma baixa de 40%.

"O comércio bilateral entre Argentina e Brasil se contraiu novamente em agosto, acumulando no total 23 meses de queda", indicou a consultora dirigida pelo economista Dante Sica num informe.

"A queda é notável levando em conta que se parte de uma base de comparação baixa devido a que em 2014 já havia caído 22%" explicaram na consultoria. "De fato, os valores de 2015 são 40% menores aos do mesmo período em 2011. O déficit vem acumulado US$ 1488 milhões, com perspectivas de fechar o ano abaixo dos US$ 2000 milhões", acrescentou o informe. 

As cifras relevadas por Abeceb.com com base na informação publicada pelo governo de Brasil dão conta que a queda foi mais acentuada nas exportações que nas importações porque enquanto que as vendas tiveram uma redução de 27,9% em agosto as compras ao país vizinho caíram só 11,9%, o que contrasta com o ocorrido em 2014, ano no qual a baixa do comércio foi induzida pelo comportamento das importações. 

No acumulado entre janeiro e agosto deste ano se evidenciou a mesma dinâmica que no mês passado já que as exportações baixaram 22,6% enquanto que as compras al país vizinho caíram apenas 11,3%.

De acordo com a análise de Abeceb.com, a queda de agosto das importações indicaria que "os anúncios de aumento dos cupons para importar sofreram novos cortes, enquanto que os controles para realizar pagamentos de importações recrudesceram". 

Em relação ao futuro, a consultora assegurou que "levando em consideração que no mês de outubro o Banco Central deverá realizar o pagamento de aproximadamente US$  5900 milhões pelo Boden 15, é pouco provável que até o resto do ano se conte com uma maior margem de divisas que permita flexibilizar os pagamentos".