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'FT': Preços baixos do petróleo colocam pressão sobre bancos dos EUA

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O baixo preço do petróleo está colocando os bancos norte-americanos sob a pressão de reguladores a agirem rápido para classificar empréstimos de petróleo e gás como ativos problemáticos quando devedores se encontrarem em dificuldade, diz um financista de destaque, entrevistado para um artigo de Barney Jopson, Ben McLannahan and Ed Crooks, do jornal britânico Financial Times.

Bill White, presidente do escritório em Houston do banco de investimento Lazard e ex-secretário de Energia, destacou a tendência e disse ao Financial Times que era preocupante porque poderia eliminar a perspectiva de extensões de  empréstimos e forçar as vendas de ativos.

Seus comentários apontam para uma tensão entre reguladores que querem que os credores adotem uma abordagem conservadora dos preços do petróleo — que atingiu seus níveis mais baixos desde 2009 na semana passada — e banqueiros esperam uma recuperação parcial.

White afirmou que devido ao fato de nenhum regulador querer assumir a culpa pela falência de um banco, o escritório do Controlador da Moeda nos EUA, que supervisiona bancos nacionais, estava pressionando credores a agir rapidamente a mover empréstimos em risco ou em default a seus ativos problemáticos ou grupos 'de treinamento'.

"O que me preocupa é quando as coisas são movidas muito rapidamente ao workout," disse ele. "Isso vai acontecer e não é uma boa notícia"

Quando os empréstimos estão nas mãos de especialistas em ativos problemáticos, apoiar o borrower ocupa uma posição secundária na meta de curto prazo de recuperar o máximo de centavos possível no dólar de empréstimo, disse ele.

O boom americano do petróleo dos últimos seis anos foi alimentado por um aumento de tomadas de empréstimos feitos por pequenas e médias empresas.

Uma queda prolongada no preço do petróleo cru apresentaria um risco aos bancos com uma alta proporção de empréstimos a empresas de óleo e gás, incluindo BOK Financial, Hancock Holding, Comerica, Texas Capital Bancshares e Cullen/Frost Bankers, de acordo com a agência de classificação de crédito Moody’s.

Texas, o estado que mais produz petróleo nos EUA, sofreu uma onda de falências de bancos nos anos 1980 depois que um boom do petróleo se tornou um fracasso

É comum em períodos de stress financeiro enfatizar tensões entre bancos e seus reguladores. Uma pressão extra está emergindo a partir de uma revisão anual da legislação em curso sobre empréstimos sindicalizados de mais de US$ 20 milhões. A revisão vai resultar em um relatório público sobre se os bancos possuem uma visão realística sobre a saúde de seus portfólios de empréstimos.

Muitas empresas de petróleo atuantes em zonas produtoras de petróleo de xisto têm cortado empregos e despesas para compensar uma queda no fluxo de dinheiro devido ao preço baixo do petróleo bruto.

Rendimentos sobre títulos emitidos pelas empresas norte-americanas de petróleo e gás tiveram uma alta acentuada quando o preço do petróleo caiu, um sinal de crescentes temores de default.

Relatórios de lucros no Canadá na semana passada ofereceram uma perspectiva nova nos empréstimos de petróleo e gás, num momento em que bancos como o RBC, CIBC e TD Bank alertaram sobre mais problemas que estão por vir como relataram aumentos de maus empréstimos e queda na demanda do consumidor nas regiões produtoras de petróleo.