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'WSJ': 'Entendemos mal o Brasil', dizem gerentes de fundos, sobre queda

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"Não é muito divertido ser um investidor no mercado emergente no momento". É o que diz um artigo de Christopher Whittall, do jornal americano Wall Street Journal, publicado nesta sexta-feira (31/07).

"Os preços das commodities em colapso e um iminente aumento da taxa de juros dos EUA causaram estragos em várias moedas e títulos de mercados emergentes.

Em nenhum lugar isso é sentido mais profundamente do que no Brasil, onde o banco central elevou as taxas de juros na quarta-feira para controlar níveis altos de inflação.

A Standard and Poor’s Ratings Services rebaixou as expectativas do Brasil de estável para negativo na terça-feira refletindo a atual dificuldade do país em colocar suas finanças em ordem. No momento, a S&P avalia o país apenas um nível acima do grau de investimento.

O real caiu 30% frente ao dólar este ano para 3.3306. Alguns investidores estão batendo em retirada, outros estão aguentando como podem.

“Entendemos errado o Brasil. Achamos que as  autoridades bastariam para evitar um rebaixamento,” disse Richard House,  chefe de dívidas do mercado emergente na Standard Life Investments, que começou comprando títulos do governo denominados em dólar no início deste ano, para vendê-los de novo na semana passada. Ele agora acredita que é apenas uma questão de tempo para que o Brasil seja rebaixado ao grau especulativo.

“Tínhamos muita confiança que eles fariam a coisa certa em termos fiscais. Eles não fizeram. Eles apenas perderam credibilidade aos olhos dos investidores,” disse House, cuja empresa administra £ 246 bilhões (US$ 480 bilhões) em ativos.

Viktor Szabo, um gerente sênior de investimento na Aberdeen Asset Management, afirmou que o Brasil tem sido “bastante doloroso” para os investidores suportarem. Ele conta que há uma séria chance de que o Brasil seja rebaixado ao grau especulativo no ano que vem.

“Há tanto barulho político, que está contribuindo para a dificuldade do ajuste fiscal,” diz Szabo, cuja empresa administra £ 307 bilhões em ativos. “O ajuste brasileiro é extremamente doloroso.”

Mesmo assim, ele ainda detêm títulos do governo em moeda local. O rendimento em títulos de 10 anos denominados em real é de 13,2%, de acordo com dados da Thomson Reuters, comparados aos 12,3% no dia 21 de julho. Os rendimentos sobem enquanto os preços caem.

“Não estaríamos vendendo a esses níveis. Eu começo a ver valor,” disse ele, enfatizando os comentários do banco central de que o último aumento da taxa de juros seria o último do atual ciclo.

Paul McNamara, um gerente de portfólio na GAM Holding AG, diz que o Brasil tem sido o assunto principal no escritório. Ele está mantendo a exposição brasileira alinhada com a ponderação do índice.

“A economia está passando por uma forte desaceleração e muitas coisas estão indo na direção errada. Mas com a queda na demanda interna reprimida por importações, acreditamos que os dados da balança de pagamentos vão corrigir, então vale a pena manter alguma exposição ao Brasil,” disse McNamara, cuja empresa administra US$ 130 bilhões em ativos.

Alguns acreditam que a liquidação produziu uma oportunidade de compra. Gareth Isaac, um gerente de fundos na Schroders PLC, disse que gosta do Brasil visto os níveis de rendimentos em títulos da moeda local. “Aparentemente está mais interessante,” diz ele.

A economia brasileira está “em forma”? Não. Você está compensado com 13,5%? Sim,” diz Isaac, cuja empresa administra US$ 474 bilhões em ativos".