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'Le Figaro': imprensa alemã está preocupada com a Grécia

No dia seguinte ao acordo entre os dirigentes europeus, publicações se mostram críticas

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O jornal francês Le Figaro publicou nesta terça-feira (14/07) um artigo sobre a repercussão que o último acordo entre Grécia e os credores teve na imprensa alemã: 

Quem é o vencedor da queda de braço que opôs os principais dirigentes europeus em Atenas durante essas duas semanas de negociações intensas? É a pergunta que todos os editores na imprensa européia se fazem, com destaque para a alemã esta manhã, no dia seguinte ao acordo firmado entre Atenas e seus parceiros da zona do euro. Se Berlim parece ter imposto o essencial de suas exigências impondo uma nova cura de austeridade sem precedente à Grécia, na Alemanha, não faltam vozes para qualificar este acordo como «desastre» econômico mas principalmente diplomático, suscetível de arranhar a imagem que o país construiu lentamente.

A chanceler Angela Merkel, que costuma ser apelidada de "Rainha da Europa", e seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, assumiram durante todo o fim de semana uma linha dura desacreditada no exterior mas também em seu país. O jornal Die Welt reuniu as principais críticas contra a posição alemã e publicou uma manchete com essa frase proferida por um ecologista alemão: "Schäuble é o rosto dos alemães sem coração".

Para o jornal de centro-esquerda Süddeutsche Zeitung, "Merkel conseguiu reavivar a imagem de uma Alemanha feia, avarenta e de coração seco, que apenas começava a se dissipar". O Süddeutsche Zeitung fala das "exigências difíceis" que devem ser atendidas pelos gregos. "Cada centavo de ajuda à Grécia que os alemães tentaram poupar deverá ser gasto duas ou três vezes nos próximos anos para recuperar essa imagem", afirma o jornal, com preocupação.

"Em um fim de semana, o governo alemão destruiu várias décadas de diplomacia", acusa a publicação semanal Der Spiegel em seu site, deplorando um "catálogo dos horrores" destinado a "humilhar a Grécia".

Die Zeit explica a seus leitores porque esse acordo vai necessariamente fracassar. A redação põe em causa a vulnerabilidade do projeto dos europeus para a Grécia e denuncia um enésimo pacote de reformas infligidas à Grécia num momento em que o país já sofre com uma economia esmagada pela austeridade. O jornal estima que esses novos cortes no orçamento vão empurrar a economia "ainda mais um pouco na direção do colapso".

Já o Handelsblatt cita "a imposição de Bruxelas" onde "o próprio Alexis Tsipras desempenhou" um papel. O jornal se pergunta como isso pôde acontecer.

"A linha entre salvar e punir a Grécia é tênue. Esta noite, essa linha desapareceu", lamentava Mathias Müller von Blumencron, do jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung, na segunda-feira, pelo Twitter.

E por fim, muito pragmático, o Bild se preocupa com as economias dos cidadãos alemães e destaca na primeira página: "Merkel salva a Grécia... com nosso dinheiro!" Para o jornal conservador FAZ, Atenas permanece «sob pressão, mesmo depois do compromisso".