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'Bloomberg': Presos na sombra do Brasil, quatro países latinos buscam saída

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Chile, Colômbia, México e Peru vão fazer uma nova tentativa. É o que diz um artigo de Jessica Brice, da Bloomberg Business, publicado nesta sexta-feira (03/07).

Há muito eclipsados pelo mercado de capitais e a economia do Brasil, os membros do bloco econômico Aliança do Pacífico pretendem dar início a sua plataforma integrada de ações para atrair investidores estrangeiros que estão cada vez mais exigentes sobre onde investir seu dinheiro. 

“O capital em mercados emergentes tem se tornado relativamente escasso,” disse Melvin Escudero, fundador da El Dorado Investments, firma de consultoria com sede em Lima. “Países e blocos comerciais precisam assegurar que estão com a melhor imagem possível”.

Roubar um pouco do trovão do Brasil ao aprofundar a integração do mercado e de capital será um dos tópicos de discussão quando os presidentes de países da Aliança Pacífica se encontrarem na sexta-feira em Paracas, no Peru. Separadamente, algumas companhias, incluindo a Latam Airlines Group SA e o Grupo Sura, maior gestor de fundos de pensão da América Latina, também vão se reunir na quinta-feira em Paracas.

Se Chile, México, Colômbia e Peru sentirem que estão presos sob a sombra do Brasil, não é difícil de ver por que. As negociações registraram a média de US$ 2 bilhões por dia no mercado de ações brasileiro em junho, mais ou menos o dobro que no Chile, Peru, Colômbia e México juntos. As negociações no Mercado Integrado Latino-Americano (Mila), foi de apenas US$ 71.000 por dia no mesmo mês.

Efeitos sobre mercados de capitais 

Os infortúnios econômicos do Brasil tiveram seus efeitos no mercado acionista  do país, cortando um total de 52% de capitalização de US$ 1,5 trilhões quatro anos antes para US$ 716 bilhões. O valor total do mercado da Aliança do Pacífico caiu 23 % para US$ 842 bilhões no período.

No momento em que toda a região se ajusta para uma demanda chinesa desacelerada por commodities, os países que mais pouparam durante o boom estão indo melhor. Enquanto Brasil, Argentina e Venezuela desperdiçaram suas receitas inesperadas e este ano estão atolados em recessão ou estagnação, os países da Aliança do Pacífico estão podendo aumentar os gastos para impulsionar o crescimento, enquanto a inflação se mantém sob controle.

A bolsa do México se juntou a suas homólogas de outros países do Mila no ano passado. Os países estão buscando uma forma de remover impostos e obstáculos regulatórios que tem impedido que a rede seja usada mais amplamente para comprar e vender ações, disse o ministro das Finanças do Peru, Alonso Segura, no evento em Paracas, na quinta-feira.

Os países da Aliança do Pacífico também planejam ligar os mercados de dívidas dos países, permitindo aos  governos oferecerem dívidas a investidores nos quatro países simultaneamente. As vendas da dívida da empresa e a negociação de derivados viriam em seguida, disse Segura. As mudanças envolvem reguladores, corretoras e bancos de investimento e vai demorar, disse ele.

‘Plano claro’

“Sabemos que não vai acontecer da noite para o dia mas temos um plano claro de onde queremos ir,” afirmou Segura. “Queremos uma maior disponibilidade de capital, levando a um crédito mais barato para pessoas e empresas.”

Para emissores brasileiros que buscam investidores estrangeiros, o Mila pode até se tornar uma alternativa para Nova York como um mercado para obtenção de capital, disse Alfredo Thorne, um diretor da Bolsa de Lima.

“Se o Mila crescer, as empresas brasileiras vão querer vender no Mila e os fundos brasileiros vão querer comprar papéis no Mila,” disse Thorne por telefone de Lima. “A única opção para o Brasil é se envolver com o Mila, e isso só vai expandir o mercado mais adiante.”