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Fitch rebaixa ratings de empreiteiras após prisões da Lava Jato

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A Fitch Ratings rebaixou os ratings de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato como Odebrecht Engenharia e Construção S.A. (OEC), Construtora Andrade Gutierrez S.A. (CAG) e Construtora Queiroz Galvão S.A. (CQG). O rebaixamento ocorreu em consequência das prisões de Marcelo Odebrecht, Otavio Azevedo e outros envolvidos em esquema de corrupção, além dos recentes desdobramentos da investigação. A agência também rebaixou as notas emitidas pela Odebrecht Finance Limited (OFL) e pela Andrade Gutierrez International S.A. (AGI).

A agência removeu a Observação Negativa dos ratings da CAG, da emissão da AGI e da CQG e atribuiu Observação Negativa aos ratings corporativos destas empresas. As mudanças refletem a percepção da Fitch de que potenciais impactos nos fluxos de caixa das companhias, como reflexo da investigação Lava-Jato, não acontecerão nos próximos seis meses. Além de retratar a continuidade e a natureza das investigações da Lava-Jato, a Observação Negativa contempla a deterioração do cenário macroeconômico do país.

Ao mesmo tempo, a Fitch afirmou os ratings das emissões da Camargo Corrêa S.A. e da CCSA Finance Limited, removeu a Observação Negativa e colocou estes ratings em Perspectiva Negativa. A lista completa das ações de rating encontra-se ao final deste comunicado.

Principais fundamentos dos ratings

O rebaixamento dos IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) em Moedas Estrangeira e Local da OEC para 'BBB-' (BBB menos), de 'BBB,' e do Rating Nacional de Longo Prazo para 'AA+(bra)' (AA mais(bra)), de 'AAA(bra)', ocorreu devido à deterioração do ambiente de negócios da companhia, após a prisão de Marcelo Odebrecht, CEO da Odebrecht S.A., controladora da OEC, em decorrência da recente fase da investigação Lava-Jato. A Fitch permanece atenta aos danos que a prisão do executivo acarretará à imagem da OEC a médio prazo, no que diz respeito à assinatura de novos contratos e à obtenção de financiamentos.

O rebaixamento dos IDRs em Moedas Estrangeira e Local da CAG para 'BB+' (BB mais), de 'BBB-' (BBB menos), e do Rating Nacional de Longo Prazo para 'AA-(bra)' (AA menos(bra)), de 'AA(bra)', também reflete a nova fase da investigação Lava-Jato, que resultou na prisão de Otavio Azevedo, CEO da Andrade Gutierrez S.A., controladora da CAG. A exemplo do que ocorreu na OEC, a Fitch está preocupada com os danos à reputação do grupo e da unidade de construção, na medida em que precisarem assinar novos contratos e obter financiamentos.

No caso da CQG, o rebaixamento do Rating Nacional de Longo Prazo para 'A-(bra)' (A menos (bra), de 'A(bra)', reflete demonstrativos financeiros um pouco mais fracos do que os de suas concorrentes, bem como a deterioração do ambiente de negócios no país. Embora nenhum executivo do grupo Queiroz Galvão tenha sido preso, a construtora e o grupo foram obrigados a priorizar projetos, na tentativa de preservar o caixa. Devido aos efeitos do escândalo, a CQG teve de conceder BRL863 milhões em garantia à dívida de sua co-irmã, Queiroz Galvão Desenvolvimento de Negócios S.A. (QGDN).

A afirmação dos IDRs da Camargo em 'BB', do Rating Nacional de Longo Prazo em 'AA-(bra)' (AA menos(bra)) e do Rating Nacional de Curto Prazo em 'F1(bra)' se deve à diversificada carteira de negócios da companhia. Estes ativos proporcionam estável fluxo de dividendos à empresa, que atenuam a volatilidade do fluxo de caixa na holding. O suporte para as classificações da Camargo continua sendo a InterCement (IDRs ‘BB’, Perspectiva Negativa), subsidiária de cimento que respondeu por cerca de 42% do EBITDA da Camargo em 2014. A concessionária de energia da empresa, Companhia Paulista de Força e Luz S.A. (CPFL, Rating Nacional de Longo Prazo 'AA(bra)'; Perspectiva Estável), e sua empresa de concessões rodoviárias, CCR S.A. (CCR, Rating Nacional de Longo Prazo 'AA+(bra)' (AA mais(bra); Perspectiva Estável), também proporcionam fluxo de dividendos significativo e estável à holding. Em 2014, a divisão de engenharia e construções da Camargo respondeu por menos de 15% de seu EBITDA consolidado.

A Fitch removeu a Observação Negativa da Camargo por considerar improvável que haja qualquer impacto no fluxo de caixa da companhia nos próximos seis meses, em decorrência da investigação Lava-Jato. A colocação dos ratings em Perspectiva Negativa reflete as condições desafiadoras para os negócios de cimento da empresa nos próximos 12 a 24 meses, devido à recessão no Brasil.