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Grécia fecha bancos e provoca caos nas Bolsas

Atenas não conseguiu chegar a acordo para desbloquear parcela

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Os bancos gregos amanheceram nesta segunda-feira (29) fechados, por ordem do governo, que tenta impedir uma onda de saques um dia antes do vencimento do prazo para Atenas pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

    De acordo com a medida, os bancos permanecerão fechados até o dia 6 de julho e os saques estão limitados a 60 euros por dia, por conta corrente. Assustados com as restrições e com uma possível crise de desabastecimento, os gregos estão fazendo filas em postos de gasolina de todo o país. A restrição aos saques coloca a Grécia mais próxima da possibilidade de deixar a zona do euro. O temor derrubou as Bolsas europeias e asiáticas e fizeram o euro atingir um dos patamares mais baixos em relação à libra nesta segunda-feira. Para evitar o calote do FMI, a Grécia precisava desbloquear o acesso a 7 bilhões de euros, referentes à última parcela do pacote de 240 bilhões recebido do FMI e do Banco Central Europeu (BCE) desde 2010.

    No entanto, as negociações entre o governo grego e as instituições estão emperradas devido às divergências sobre as medidas de austeridade exigidas pela UE e ao anúncio surpresa de um referendo no próximo dia 5 de julho para a população grega decidir sobre as políticas financeiras.

Reação

 A situação na Grécia preocupa, mais do que nunca, os governos europeus. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, convocou para hoje uma reunião extraordinária com uma comissão especial para avaliar as possibilidades de evitar um contágio da crise em Atenas. O ministro da economia espanhol da Economia, Luis de Guindos Jurado, um acordo entre a Grécia e seus credores ainda é possível. "Faltam 48 horas, tempo para o fechamento de um acordo", disse. Por sua vez, o presidente da França, François Hollande, criticou as decisões do governo de Atenas que levaram ao fracasso das negociações nos últimos dias, especialmente a convocação do referendo. "Deploro a escolha. Estávamos perto de um acordo", ressaltou o mandatário, garantindo que a economia francesa é "robusta" e, portanto, "não há nada a temer" com a crise grega. O presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, foi um dos principais críticos à decisão grega de realizar a consulta popular.

    "Estou triste com o espetáculo ocorrido dentro da UE. A boa vontade se evaporou. O egoísmo, os jogos táticos e o populismo levaram a melhor depois de todos os esforços feitos. Sinto-me traído porque não foram levados em consideração os esforços pessoais", comentou Juncker. "A saída da Grécia da zona do euro nunca foi uma opção para mim", acrescentou.

    Apesar de um ser um dos principais contrapontos da Grécia nas negociações, a Alemanha disse hoje que "respeitará o resultado do referendo". "A decisão de um referendo diz respeito somente a um governo, e nós, obviamente, respeitaremos o resultado", comentou o porta-voz de Berlim, Steffen Seibert, em uma coletiva de imprensa. Ele também destacou que a Alemanha está disposta a retomar as negociações caso a Grécia demonstre interesse em alcançar um acordo com os credores. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tinha pedido a prorrogação do prazo para o pagamento da dívida com o FMI até a realização do referendo, o que foi negado pelos países da zona do euro no fim de semana. De acordo com a edição de hoje do jornal "Financial Times", Atenas fez novamente a solicitação aos europeus, em uma carta enviada aos chefes de Estado e de Governo da zona. (ANSA)