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Bendine: Petrobras irá rever lista de fornecedores

Plano da estatal tem base em ‘nova realidade’, diz presidente

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O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou nesta segunda-feira que a estatal irá rever os cadastros de fornecedores para novos contratos para que haja segurança na execução de projetos, mas negou qualquer relação com as investigações em andamento na Operação Lava Jato. Segundo ele, não há perspectiva de leilões de ativos do pré-sal a curto e médio prazos. 

Bendine justificou ainda as reduções de investimentos e de estimativas de produção da Petrobras para os próximos anos. A maior dificuldade encarada pela diretoria é o atual cenário econômico, com preços baixos na cotação do barril de petróleo e com o real desvalorizado perante o dólar, segundo explicou o presidente da estatal, em coletiva de imprensa realizada na noite desta segunda-feira (29) para apresentar o novo Plano de Negócios e Gestão dos anos de 2015 a 2019.

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O presidente da estatal afirmou que a diretoria irá rever os cadastros de fornecedores e aplicar processos mais rígidos de "compliance". "Desde a gestão da nova diretoria, o que temos buscado é uma revisão do cadastro de fornecedores. Vamos aplicar medidas protetivas de maior robustez na relação com nossos fornecedores para que tenhamos maior segurança na execução de projetos", afirmou.

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Bendine disse também que não há perspectivas de leilão de ativos do pré-sal a curto e médio prazos. A redução de 37% do Plano de Investimentos em relação ao Plano de Negócios anterior teve como explicação as projeções feitas para o mercado de óleo e gás em diferentes ocasiões. "No final de 2013 (quando foi feito o Plano de Negócios 2014-18), havia uma visão do preço do Brent em crescente evolução. O maior impacto na redução do Plano de Investimentos se dá por conta de uma pressão mercadológica", disse Bendine.

Ele completou ainda dizendo que a Operação Lava Jato teve um impacto natural na execução do plano, mas que não que sua representatividade não foi a mais significativa. "A empresa passou por um momento onde teve que que parar e se reorganizar, e isso acaba trazendo consequências. Mas de qualquer forma teríamos uma redução nos investimentos em consequência do atual cenário". 

Houve também uma redução da estimativa de produção para os anos seguintes até 2020, na comparação com o plano anterior. Na projeção feita sob administração de Graça Foster, a empresa esperava atingir a marca de 5,3 milhões de barris por dia em produção de óleo, LGN (líquido de gás natural) e gás natural no Brasil e no exterior. No atual modelo, este número caiu para 3,7 milhões. Para 2015, as taxas tiveram retração de 3,1 milhões para 2,8 milhões, e para 2016 a produção deve ser de 2,9 milhões (300 mil barris por dia a menos que anteriormente). 

Sobre a redução, Bendine explicou que o objetivo é adequar a produção ao novo mercado. "Não podemos fazer uma expansão a qualquer custo. Temos que adequar a empresa a uma nova realidade imposta pelo mercado internacional, e a estimativa foi feita com pé no chão, dentro de um plano viável". 

Por outro lado, também está prevista uma redução da necessidade de importação de petróleo para os próximos anos. Tudo depende da conclusão das obras da segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), que deve ser terminada em 2018, segundo o diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro. A partir disto, a necessidade de importação deve cair de 300 mil barris diários para 250 mil, com valores já ajustados ao crescimento da demanda. As obras da Rnest fazem parte de uma estratégia da empresa de aumentar a capacidade de refino de petróleo, passando a olhar com menos prioridade o setor petroquímico, que não tem mais uma atratividade tão grande para a empresa, segundo afirmou o presidente. 

Em relação aos desinvestimentos, Bendine não entrou em maiores detalhes para evitar desvalorizar possíveis negociações, mas falou a respeito da desalavancagem da empresa, objetivo posto como central pela diretoria no novo plano. Comparado ao plano anterior, a diminuição da desalavancagem foi "empurrada para frente". "Não temos capacidade de trazer a 2,5 a relação dívida / EBITDA em um prazo tão curto por conta das condições. Fizemos uma redução de produção bastante expressiva para tornar o plano factível", completou.