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Fitch: carteiras de financiamentos de veículos devem diminuir ainda mais

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A recente aceleração da queda de vendas de veículos no Brasil contribuirá para reduzir ainda mais as carteiras de financiamentos de veículos nos bancos do país. É mais uma dificuldade a ser enfrentada por instituições dependentes deste tipo de financiamento, afirma a Fitch Ratings.

Segundo relatório publicado pela agência nesta segunda-feira (1), a instituição acredita "ser improvável que o segmento automotivo se recupere no curto prazo. Adicionalmente, uma vez que o país provavelmente está perto do fim do ciclo de melhora de qualidade dos ativos em relação aos financiamentos de veículos e dada a expectativa de aumento do desemprego, a Fitch acredita que o índice de créditos em atraso (NPLs) aumentará até o final de 2015".

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"Na comparação entre os quatro primeiros meses de 2014 e de 2015, as vendas de veículos registraram queda de 19,2%, ante uma redução de 7,1% entre 2014 e 2013. A queda correspondente no saldo de financiamentos de veículos foi de 7,6% na comparação de abril de 2014 com abril de 2015, e de 6,9% em 2014. A magnitude da queda sugere que bancos de montadoras e comerciais, como Banco Votorantim S.A. e Banco Pan S.A., além de instituições menores, como Banco Rodobens e Omni S.A. Crédito, Financiamento e Investimento, poderão ser cada vez mais afetados por essa desaceleração. Os financiamentos de veículos respondem por 6,6% das exposições do sistema bancário brasileiro, limitando, desta forma, o impacto para instituições com grandes participações de mercado em financiamento de veículos".

"O enfraquecimento das vendas de automóveis no primeiro trimestre se deve não só às condições macroeconômicas e ao aumento do desemprego, como ao aumento do imposto sobre produtos industrializados (IPI), implementado em janeiro de 2015. O aumento do imposto elevou em 4,5% os preços médios dos veículos no país. O endividamento familiar, que atingiu o pico de 46,5% da renda anual no final de abril, também vem limitando o apetite dos consumidores para contrair mais dívidas".

"A parte superior do gráfico mostra que, após o período 2010 - 2011, quando o crescimento foi impulsionado pelo corte do IPI dos veículos, os bancos brasileiros diminuíram o apetite por risco e começaram a apertar as políticas de concessão de crédito, com redução dos prazos dos financiamentos e dos índices loan-to-value, a partir de 2012. Desde então, as carteiras de financiamentos de veículos vêm diminuindo. O índice de NPL no segmento de financiamento de veículos atingiu um pico de 7,1% em julho de 2012. Em seguida, começou uma melhora, que persistiu até a qualidade dos ativos retornar aos patamares anteriores a 2011. Em suma, os créditos venceram mais rápido do que novos financiamentos, devido a condições mais rígidas da concessão de crédito e a uma economia estagnada".

"Houve redução dos financiamentos de veículos no Brasil, apesar das medidas determinadas pelo Banco Central (por meio das Circulares 3711 e 3714) com o intuito de aliviar as necessidades de capital dos bancos para este tipo de crédito. Em particular, a ponderação de risco dos créditos com vencimento superior a sessenta meses diminuiu de 150% para 75% em 2014. Pela Circular 3715, o Banco Central também permitiu maior uso de depósitos a prazo para financiar determinadas aquisições, como de veículos. Estas alterações não parecem ter tido efeito material no estímulo às carteiras de crédito, uma vez que as condições macroeconômicas e outros fatores enfrentados pelos consumidores são fatores mais dominantes".  

"Bancos de montadoras têm sido impactados de maneira diferente pela desaceleração. Eles têm aumentado seus créditos, uma vez que seus controladores contam mais fortemente com preços incentivados durante o atual período, de redução da demanda. Em 2014, os cinco maiores bancos de montadoras registraram aumento de 2,5% no saldo de suas carteiras de crédito", diz a nota.