ASSINE
search button

'CNBC': O que as taxas de juros mais altas nos EUA vão significar para o Brasil

Compartilhar

O site da rede norte-americana CNBC publicou na quinta-feira (23/04) um artigo de Fred Imbert sobre como pode repercutir no Brasil uma alta na taxa de juros dos EUA. 

Não é o México nem o Canadá. É o Brasil. E o país deverá levar um golpe econômico se (ou quando) o Federal Reserve decidir apertar a política monetária dos EUA, afirmou John Kilduff, parceiro e fundador da firma de gerenciamento Again Capital. "O Brasil está sofrendo devido aos baixos preços do petróleo e por causa da Petrobras," disse ele, se referindo à gigante estatal que na quarta-feira relatou uma impressionante perda trimestral de US$ 8,8 bilhões, grande parte dela relacionada a um enorme caso de corrupção. A Petrobras tem sido o tema de um enorme escândalo desde novembro passado, que fez com que o preço de suas ações caísse mais de 38% no ano passado e à possibilidade de não pagamento de sua dívida de US$ 170 bilhões.

"Se o governo brasileiro tem que assumir a dívida da Petrobras, seu déficit seria muito maior," afirmou Shannon O'Neil, conselheiro sênior para estudos latino-americanos no Conselho de Relações Exteriores.

O déficit do Brasil equivale mais ou menos a 66% de seu produto interno bruto (PIB), Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Apesar de não estar claro quanto dessa dívida é denominada em dólares, qualquer aumento nas taxas norte-americanas tornam a dívida denominada em dólar mais difícil de reembolsar. E isso vem no momento em que o preço do petróleo Brent despencou 40% em um ano, o que também afetou a economia brasileira, guiada pelas commodities.

O'Neil acrescentou que o consumo interno do Brasil também seria atingido se o Fed aumentasse suas taxas de juros, já que taxas mais altas também vão dificultar as compras de crédito dos brasileiros.

"Eu acho que o impacto mais direto será sentido na desvalorização do real brasileiro frente ao dólar," disse Ricardo Mendes, sócio-administrativo na Prospectiva Consulting, uma firma com sede em São Paulo. "Veremos investidores que atualmente possuem posições nos títulos do tesouro brasileiros alternando para bônus norte-americanos, e isso vai impactar a taxa de câmbio." O dólar americano aumentou mais de 14% frente ao real brasileiro este ano.

No entanto, Mendes acrescentou que algumas empresas poderiam se beneficiar de taxas norte-americanas mais altas, incluindo exportadores de carne e produtores de soja e outros tipos de commodities, que deverão se beneficiar das maiores exportações para os Estados Unidos. "Os efeitos serão tanto positivos quanto negativos, levando em conta o tamanho da economia brasileira," disse ele.