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Divulgação do balanço marca novo passo na reconstrução da Petrobras, diz Levy

Resultados serão publicados após fechamento do mercado financeiro, nesta quarta

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A divulgação do balanço auditado da Petrobras deve "acalmar as preocupações" dos investidores, afirmou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em participação na Cúpula Monetária para as Américas, realizada nesta segunda-feira (20) na cidade americana de Nova York. Segundo informações da assessoria de imprensa da estatal, os resultados serão publicados após o fechamento do mercado financeiro, nesta quarta-feira (22). Medida pretende evitar fortes oscilações nas cotações do papel e dar tempo para o mercado amortecer resultados. 

O ministro afirmou ainda que a divulgação do balanço "marca um novo passo na reconstrução da Petrobras". Levy também afirmou que a expectativa é de que a renovação do Conselho de Administração da empresa leve mais profissionais do mercado em detrimento de indicados políticos para o cargo. 

Para ele, pessoas do setor privado podem dedicar mais tempo para atuar no Conselho Administrativo do que figuras públicas. "Estou confiante na mudança na maneira de gerenciar, na cultura, em como a comunicação acontece dentro da empresa. E há uma expectativa de que ela continue a ser melhorada", disse o ministro em entrevista a John Micklethwait, editor-chefe da Bloomberg, agência de notícias americana que realizou o evento. 

A divulgação do balanço da Petrobras irá ocorrer nesta quarta-feira (22), em coletiva aberta à imprensa após reunião dos auditores. Os resultados serão publicados após o fechamento do pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), afirmou a empresa através de sua assessoria, o que deve acontecer após as 18 horas. A atitude faz parte de estratégia para evitar grandes oscilações de preço nas cotações de seus ativos na bolsa, e é seguida por outras empresas que divulgam notícias que podem interferir no mercado após seu fechamento, permitindo que os investidores tenham tempo de absorver os resultados. 

Levy disse que o excesso de preocupação com a Petrobras é bom, mas indicou que parte das mudanças tem a ver também com a queda nos preços do petróleo no mercado internacional e, por isso, o impacto não é só na economia brasileira, mas também no exterior. 

A participação de Levy na Cúpula Monetária para as Américas ocorreu por volta de meio-dia (horário de Brasília) desta segunda-feira (20), e o assunto também girou em torno das políticas econômicas que o país tem tomado para cortar gastos. O ministro considera que o Brasil tem dado "passos ousados para cortar gastos, como na questão dos benefícios de desemprego".  O ministro lembrou ainda que, no Brasil, assim como em outros países, é importante estar alerta para não romper certos limites e verificar se esses limites são sustentáveis. Ele falou sobre a mudança no foco dos ajustes, implementados no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, como as alterações em benefícios trabalhistas e previdenciários.

Exemplificando com o caso das pensões por morte, o ministro disse que essa reforma ainda espera aprovação do Congresso Nacional. Segundo Levy, se uma pessoa torna-se viúva muito cedo, não precisa ter o benefício previdenciário para sempre, pelo resto da vida. Ao justificar para a plateia da cúpula a necessidade do ajuste, ele explicou que, no Brasil, se “uma pessoa de apenas 30 anos fica viúva herda a pensão integral para sempre”.

Joaquim Levy lembrou que, nos últimos anos, o país fez transferências importantes para pessoas de baixa renda, "tudo com muita transparência". O ministro disse aos participantes do evento que os brasileiros entendem o que está acontecendo no país, conhecem os números. Além disso, há muito debate, inclusive na imprensa, em todos os lugares, [é o] “cerne da democracia", acrescentou.

O ministro voltou a defender que os investimentos em infraestrutura tenham origem mais no Brasil  Banco Nacional tenham a origem mais nas empresas privadas, por intermédio do mercado de capitais, do que no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na mesma linha do discurso feito durante evento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, encerrado no fim de semana, ele reafirmou que é preciso atrair capital externo para a infraestrutura.“Ouvimos durante todo tempo [em Washington] que existe uma grande demanda por ativos de longo prazo. Temos pessoas idosos em muitos países, e as economias avançadas querem ter um fluxo de receitas estável. E nada melhor [para investir]  do que um projeto de infraestrutura bem planejado. Neste fim de semana, ainda na capital americana, o ministro da Fazenda anunciou que o governo anunciará, possivelmente em maio, um novo projeto de concessões. 

Levy garantiu que o país alcançará a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB): "Acredito que podemos alcançar 1,2% do Produto Interno Bruto. Para isso, precisamos dar continuidade ao esforço fiscal, precisamos que as medidas passem no Congresso. Chegar a essa meta requer atenção ao longo do ano", completou. 

Questionado sobre os protestos nas ruas, Levy disse que uma das melhores coisas no Brasil é a liberdade de expressão. No entanto, ao se referir mais uma vez à Petrobras, ele ressaltou que existe um certo nervosismo quanto à transparência “do que está acontecendo”, quando se diz que o país é um dos menos favoráveis ao investimento. “Eu respeito o ponto de vista, mas quem tem entendimento mais profundo sabe que o Brasil é  transparente e tudo é debatido. [É um país] onde o governo presta contas de tudo que faz, tem eleições regulares, e onde as pessoas que fazem o que é errado são presas.”

O evento reuniu líderes políticos do Brasil, Canadá, Chile, Colômbia e Estados Unidos na manhã de hoje. Os expositores discutiram sobre os desafios e as oportunidades em seus respectivos países em meio à mudanças nas condições econômicas regionais e globais.