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Síntese da conjuntura econômica

Ex-ministro Ernane Galvêas diz que economia atravessa crise em três áreas fundamentais

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A economia brasileira atravessa uma conjuntura de crise em três áreas fundamentais. No setor público, o governo gastou em 2013 R$ 158 bilhões acima do que arrecadou, e em 2014 aumentou esse déficit nominal para R$ 344 bilhões, em consequência, a dívida pública chegou a R$ 3.252 bilhões no ano passado. 63.5% do PIB. Um acréscimo de R$ 567 bilhões em relação a 2013, ou seja, em um ano. Essa situação prossegue em 2015, só no mês de janeiro a dívida pública aumentou R$ 63 bilhões. É evidente que esse estado de insolvência, caminhando para um caos financeiro. Foi certamente por isso que a presidente Dilma aceitou “virar a mesa” e nomeou o ortodoxo Joaquim Levy para remendar a situação. O excesso de demanda interna sobre a oferta de bens e serviços abriu também um perigoso déficit na área externa, mais de 90 bilhões de dólares nas transações correntes. É a segunda face da crise, que pode levar uma fuga de capitais e a importante perda de nossas reservas cambiais, exigindo uma desproporcional desvalorização da taxa de câmbio real/dólar com sérios impactos sobre a inflação.

A terceira principal área da crise é a Petrobras, a maior empresa do país, que foi desestruturada financeiramente e está sem recursos para dar prosseguimento ao plano de investimento do pré sal.

A solução para o primeiro quadro da crise fiscal tem que, necessariamente passar por um profundo corte nas despesas administrativas, mediante corajoso corte nas verbas orçamentárias de todos os entes da administração publica do setor executivo. É pelo corte de gastos que vamos garantir “o superávit primário” de 1.2% do PIB. A solução para o desequilíbrio do balanço de pagamentos já teve inicio com a desvalorização da taxa de câmbio e deve ser sustentada. Os efeitos inevitáveis sobre a inflação deverão ser compensados com o equilíbrio das contas públicas e o controle do crédito. A conjuntura econômica aborda com toda sua conhecida competência os problemas da Petrobras. O reencontro com o bom senso aponta que o consumo das famílias saiu da expansão de 2,9% em 2013 para apenas 0,9% em 2014, o menor resultado desde o segundo governo do presidente Lula. Anteriormente os números eram bem mais catastróficos.

 

Indústria

Em 2014 a produção industrial caiu 1,2% respondendo pela maior participação na estagnação do PIB “mais 0.1%” aponta a redução da produção nacional de petróleo 2.1%. A indústria automobilística continua em recessão durante este ano até 19 de março as vendas de carros novos caíram 19,3%. Na construção civil, segundo a CNI, o nível de atividade é o menor em cinco anos.

 

Comércio

O comércio varejista é o pior desde 2003. As vendas de combustíveis recuaram 0.4% no primeiro bimestre devido ao carnaval e à greve dos caminhoneiros. Na agricultura, o atraso na colheita provocou queda de 43% na exportação de soja no primeiro trimestre.

 

Mercado de Trabalho

A taxa de desemprego subiu 5.9% em fevereiro e a renda do trabalho caiu 1.4% em janeiro e fevereiro, a primeira queda desde 2011. O numero de pessoas empregadas na indústria caiu 4.1% em janeiro de 2014 e 2015. No acumulado de 12 meses a queda foi de 3.4%

 

Setor público

A arrecadação federal chegou, em fevereiro, em R$ 84.982 bilhões. No bimestre a arrecadação atingiu R$ 215.26 bilhões contra R$ 206.81 bilhões em 2014. A arrecadação da previdência social teve uma queda de 3.17% e terá que ser coberta pelo tesouro nacional em R$ 58.3 bilhões. O orçamento da União aprovado pelo Congresso Nacional contempla a receita de R$ 1.429 bilhões, mais de 19% de 2014. Não incluídos aumentos de tributos previstos para a CIDE e o IOS, no total a receita deve chegar a R$ 2.84 trilhões.