ASSINE
search button

Copom eleva a taxa Selic para 12,75% ao ano

Compartilhar

Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano., sem viés.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

Foi o quarto aumento consecutivo da taxa Selic, que atingiu o maior patamar desde o início de 2009, quando estava em 13,75% ao ano, ou seja, em seis anos

A Selic serve de referência para as demais taxas de juros, e, no início da semana, a expectativa de analistas e investidores do mercado financeiro já era a de elevação do índice para 12,75% ao ano. A expectativa do mercado foi divulgada pelo Banco Central segunda-feira (2), no boletim Focus

O Banco Central tem na Selic um dos instrumentos para manter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), dentro da meta estabelecida pela equipe econômica. De acordo com o Conselho Monetário Nacional, o centro da meta de inflação corresponde a 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para baixo (2,5% – piso da meta) e para cima (6,5% – teto da meta). 

Embora a taxa básica ajude no controle dos preços, sua elevação também pode prejudicar o reaquecimento da economia, pois o crédito fica mais caro. De acordo com o boletim Focus desta semana, o mercado financeiro prevê, para 2015, PIB com retração de 0,58% e Selic a 13% ao ano.

Abad diz que taxa de juros penaliza sociedade

A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad) divulgou nota sobre o aumento da taxa de juros: 

Veja na íntegra:

"O efeito da nova elevação da taxa Selic, que agora atinge 12,75%, é apenas um: a continuidade de um processo que segue penalizando de forma inclemente o cidadão e o setor produtivo, o qual, até o momento, arca praticamente sozinho com a responsabilidade de fazer o país voltar a investir, produzir e crescer. A visão do BC de que o aperto é indispensável ao equilíbrio da economia vai, infelizmente, continuar a garrotear as empresas e reduzir o consumo e os investimentos, gerando consequências nefastas para o emprego e para o crescimento.

Com a alta absurda dos preços de energia, principalmente, e também de combustíveis, empresas e famílias já ficam naturalmente impedidas de maiores gastos, já que essas despesas são obrigatórias e vão consumir parte significativa da renda – ou do capital disponível. Aumentar juros, nesse cenário, é inócuo e só piora a vida das pessoas e empresas, aumentando endividamento e inadimplência sem correspondente aumento de consumo. Vivemos um clima tenso como há muito tempo não se via. O país foi apanhado numa armadilha formada por ingredientes econômicos e políticos, sendo que estes últimos vêm se agravando nos últimos dias. Está cada vez mais difícil dissociar esses dois aspectos.

Por isso, qualquer alteração da taxa básica deve levar em conta que os fatores que pressionam a inflação, o dólar e o câmbio, além do cumprimento do superávit primário e do crescimento real do PIB, têm a crise política no horizonte e que, por consequência, medidas de aperto econômico podem não surtir o efeito esperado na escalada de preços".

"Lamentamos a decisão do Copom", diz Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo

Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), comenta a decisão do Copom desta quarta-feira (04), sobre a taxa básica de juros/Selic.

"Lamentamos a decisão do Copom de elevar a Selic em 0,5 ponto percentual porque todos os indicadores de desempenho das empresas mostram que a economia está fraca e caminhando para a recessão. A combinação de aumento de impostos e tarifaço, de um lado, e juros elevados, de outro, deve agravar a tendência de desaceleração das atividades econômicas, com reflexo negativo sobre o emprego e a renda. O necessário e esperado ajuste fiscal deve se fazer pelo lado do gasto público, o que até o momento não ocorreu", afirma Rogério Amato.


Posicionamento Fecomércio RJ sobre a decisão do Copom

A decisão do Copom de, mais uma vez, elevar os juros básicos da economia inspira reflexão sobre as raízes do atual cenário doméstico. O comércio apontou em 2014 o menor avanço em 12 anos. A confiança do setor de serviços é a menor em oito anos, enquanto pesquisa Fecomércio RJ/Ipsos revela os menores patamares para tomada de crédito e intenção de compra em cinco anos.

Em 2014, o déficit do Governo Central apontou o pior desempenho em 19 anos, e, por sua vez, a balança comercial acaba de registrar o pior resultado para um mês de fevereiro em 35 anos. Já o dólar situa-se no maior patamar dos últimos dez anos, com impactos sobre inflação e consumo. Não por acaso, a previsão média de mercado para 2015 aponta para o menor avanço da economia brasileira em 25 anos.

Nesse quadro, a continuidade do arrocho monetário, somada ao padrão das despesas governamentais e à retirada de incentivos à competitividade, parece nos manter na mesma etapa evolutiva: geram prejuízos à saúde das finanças públicas e dificuldades para o reaquecimento da economia.

Como vemos, há questões estruturais a sanar, a principal delas na ponta do gasto público – necessariamente mais eficiente e previsível -, assim como na capacidade produtiva das empresas.?