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Agência de classificação de risco rebaixa notas da Petrobras

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Na noite de quinta-feira (29),  a agência de classificação de risco Moody's rebaixou todos os ratings da Petrobras de Baa2 para Baa3. A agência cita preocupações com investigações sobre corrupção na estatal e possível pressão sobre a liquidez da companhia em função de atraso na divulgação de resultados financeiros auditados. Ainda de acordo com a Moody's, os ratings permanecem em revisão para rebaixamento adicional.

“A Petrobras falhou em fornecer qualquer clareza sobre a magnitude desses ajustes [relacionados aos desvios de recursos]. A falta de progresso em divulgar as quantias aproximadas dos ajustes não é um sinal encorajador para divulgação oportuna das demonstrações financeiras de final de ano auditadas”, destacou nota da Moody's.

A agência informou que os ratings permanecem sob revisão para possíveis novos rebaixamentos. A Petrobras divulgou comunicado aos seus investidores informando que houve a revisão da classificação de risco e que suas notas permanecem sob análise.

A direção da estatal destacou que mantém seu grau de investimento (condição concedida a países e empresas com baixo risco de calote), apesar da revisão do nível de risco da dívida para Baa3.

A  Petrobras pretende reduzir investimento e evitar contratar novas dívidas em 2016, segundo a presidenta da companhia, Graça Foster, que participou quinta-feira (29), ao lado de diretores, de uma teleconferência, na sede da empresa, com investidores e analistas para o detalhamento das demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 sem o relatório de revisão do auditor externo.

“Se a área de exploração era prioritária, hoje ela toma uma dimensão muito maior. É prioritária e seletiva, dentro da própria área do AIP [Acordos de Individualização da Produção]. Projetos de menor atratividade, também dentro do AIP, vão para o final da fila. Então 2016 vai estar dentro do PNG [Plano de Negócios e Gestão] 2015/2019, e a essência é a revisão do crescimento da Petrobras nos próximos anos”, disse, acrescentando que a empresa precisava refazer a sua carteira de investimentos e isso já está em andamento.

Para a presidenta, o objetivo da companhia no PNG 2015/2019, que, segundo ela, será divulgado em junho deste ano, é a avaliação do tamanho da Petrobras. “O grande mote do nosso plano 2015/2019 é o redimensionamento da Petrobras, em nível da nossa financiabilidade e do que é factível objetivamente ser construído no Brasil ou no exterior. Esse é o mote”, destacou na entrevista que se seguiu à teleconferência.

O diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, informou que tanto a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, quanto o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), localizado no leste fluminense, estão passando por uma reavaliação dos contratos. “A Abreu e Lima está em processo semelhante ao Comperj e estamos em função da reavaliação dos contratos das empresas, inclusive das envolvidas na Operação Lava Jato, reestudando”, informou.

Já o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Almir Barbassa, disse que, para a divulgação do balanço anual da empresa de 2014, estão sendo considerados os prazos de 120 dias a partir do fim do ano, mais 30 ou 60 dias, dependendo da natureza da dívida. Segundo ele, a ampliação do prazo é uma possibilidade que qualquer empresa leva em consideração. “Nós não descartamos, se enxergamos que é necessário. É uma das alternativas disponíveis e que, se não progredirmos como estamos planejamentos dentro dos prazos que temos, sem dúvida é uma consideração a ser feita”, disse.

O diretor de Exploração e Produção, José Formiglio, informou que a participação da Petrobras em leilões também vai ser reduzida. “Terá que ser de uma seletividade imensa para avaliar se vale a pena participar. Mas a realização dos leilões é decisão do governo”, completou.

Sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal, Formigli assegurou que não há alterações nos planos da empresa. Ele explicou que atualmente a empresa e parceiros estão alcançando resultados melhores na perfuração de poços, com menos custos e maior produtividade. “Não há nenhum indicativo neste momento de mudança de plano no pré-sal, seja na Bacia de Santos, seja Bacia de Campos”, analisou.

Com Agência Brasil