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'NYT': Fed faz sua avaliação mais otimista desde a recessão

BC americano cita 'forte' crescimento do emprego, e sugere que vai elevar taxa de juros em  junho.

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O New York Times publicou nesta quinta-feira, um artigo sobre os últimos comentários divulgados pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano. “Em sua avaliação mais positiva da economia desde a recessão, o Fed citou um crescimento econômico “sólido” e crescimento de empregos “forte” em um comunicado divulgado na quarta-feira que sugeriu que o Fed se mantém no curso para aumentar sua taxa de juros de referência já em junho”.

“Porém, o tom otimista do comunicado veio junto com o reconhecimento do Fed de que a inflação permanece surpreendentemente lenta, e que os preços devem subir ainda mais devagar nos próximos meses, muito por causa dos preços de energia mais baixos”, escreve Binyamin Appelbaum no jornal americano.

Mas a declaração divulgada pelo Federal Open Market Committee (comitê de política monetária do Fed) reiterou que as autoridades do Fed esperam que a inflação se recupere ‘quando o mercado de trabalho melhorar e o efeito transitório dos preços mais baixos no setor de energia e outros fatores se dissiparem’.

A fragilidade da economia global foi mencionada apenas brevemente.

O comunicado aparentemente excluiu a possibilidade de que o Federal Reserve aumente as taxas antes de junho. Diz somente que ele vai esperar, e sua presidente, Janet L. Yellen, afirmou que isso significa que o Fed esperaria pelo menos duas reuniões antes de agir, empurrando a data de partida mais próxima para a quarta reunião do ano, em junho.

Como esperado, o Federal Reserve removeu do comunicado a desatualizada descrição de que manteria taxas próximas a zero durante um “tempo considerável” depois do final de seu programa de compras de títulos. O Fed completou sua última rodada de aquisições em outubro.

O comunicado foi aprovado em uma votação unânime, em contraste com as três dissidências da reunião anterior do FOMC, em dezembro. No entanto, a mudança, provavelmente não reflete uma maior harmonia interna. Ao contrário, os três presidentes dos bancos regionais do Fed que discordaram em dezembro foram retirados dos assentos de votantes no comitê, e foram substituídos por três membros da maioria.

A avaliação otimista do Fed veio em meio a um cenário de mercado de trabalho em recuperação. O ganho médio mensal de empregos aumentou em cada um dos últimos cinco anos, alcançando 246.000 por mês no ano passado. A taxa de desemprego caiu a 5,6% em dezembro, fechando em seu nível de antes da recessão, que era de cerca de 5%.

A expansão econômica também ganhou força na medida em que consumidores mais confiantes gastam mais, influenciados pelo crescimento do emprego e a queda dos preços do petróleo.

Mas a presidente do Federal Reserve, Janet L. Yellen, e seus aliados continuam relutantes em começar a aumentar a taxa de juros referência do Fed, principalmente porque a inflação permanece fraca. O índice de preços ao consumidor do Ministério do Trabalho subiu apenas 0,8% durante o ano de 2014, o ritmo mais lento durante um período de crescimento econômico em meio século.

O objetivo do Fed é de manter os preços subindo a uma taxa anual de cerca de 2%, como parte de seu esforço para apoiar o crescimento econômico e lubrificar as engrenagens do comércio. Mas não atingiu esse alvo em mais de dois anos, e é cada vez mais improvável de conseguir fazê-lo este ano.

O crescimento dos salários também se mantém fraco já que as empresas continuam a encontrar uma abundante oferta de funcionários potenciais. Uma pesquisa recente do Federal Reserve de Chicago sugere que a queda na taxa de desemprego exagera a recuperação do mercado de trabalho porque algumas pessoas que pararam de procurar emprego deverão voltar a fazê-lo na medida em que a recuperação ganhar  força.

Além disso, aqueles que continuam procurando trabalho são desproporcionalmente mais velhos e mais bem educados, grupos que historicamente apresentam taxas mais baixas de desemprego, sugerindo que o Fed pode ser capaz de empurrar a taxa de desemprego total para abaixo de 5% sem desencadear a inflação.

Por isso alguns analistas estão cada vez mais céticos de que o Fed vá manter-se fiel ao seu cronograma adotado no meio do verão (norte-americano) para aumentar sua taxa referência. David Mericle, um economista no Goldman Sachs, escreveu na semana passada que uma desaceleração da inflação vai provavelmente continuar até o verão. O Fed, disse ele, “vai enfrentar dificuldades em justificar” um aumento da taxa sob essas circunstâncias.

O Goldman ainda prevê que o Fed vai elevar as taxas no final deste ano. Porém, o Morgan Stanley previu na segunda-feira que o Fed não vai elevar as taxas até 2016.

“Acreditamos que o Federal Open Market Committee correria o risco de reforçar expectativas de inflação a níveis inconsistentes com sua meta de 2% se antecipasse aumentos de taxas já para junho,” escreveram analistas econômicos do Morgan em uma nota de pesquisa, referindo-se ao comitê de política monetária do Fed.

“Medidas das expectativas do mercado derivadas dos preços de ativos sugerem que investidores compartilham esse ceticismo. Pelos cálculos do Morgan Stanley, os preços refletem uma expectativa de que o primeiro aumento da taxa não vai acontecer até depois da reunião do Fed, em setembro”, conclui o artigo do New York Times.