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'La Nación': 2015 é outro ano morto para a economia argentina?

Primeiro semestre do próximo ano deverá ter recessão e maioria da população está pessimista

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Em artigo publicado nesta terça-feira (23/12), o jornal La Nación faz prognósticos nada otimistas para o ano que vem na Argentina. “Salvo em contadas exceções, como no caso das empresas telefônicas que habilitarão suas redes 4G, os tradicionais brindes empresariais de fim de ano mostraram uma constante: se olha mais para 2016 do que para 2015 na hora de falar sobre novos negócios”, escreve o jornalista Fernando Laborda.

Ele continua sua análise: “Não é algo muito diferente do que ocorre no nível da população em geral. A maioria vê com pessimismo o andamento da economia no próximo ano, embora seja algo mais otimista para 2016, quando haverá um novo presidente do país.

Nesse sentido, a última pesquisa da consultoria Management & Fit (concluída no dia 3 de dezembro, entre 2400 pessoas de 16 a 70 anos de idade, consultadas por telefone ou pessoalmente em todo o país) mostra que para 51,9% da opinião pública a economia argentina estará pior ou muito pior nos próximos meses, enquanto que para 31,9% seguirá igual e apenas para 13,9% estará melhor ou muito melhor.

As expectativas mudam muito quando se pergunta às mesmas pessoas como consideram que estará a situação econômica do país em 2016, depois das eleições presidenciais. Frente a essa questão, 26,8% responderam que estará melhor ou muito melhor, enquanto que 24,5% opinaram que estará pior ou muito pior e 27,6% opinou que estará igual a agora.

Os prognósticos das principais consultoras econômicas a respeito do crescimento da atividade econômica argentina em 2015 estão longe de ser favoráveis.

De acordo com a consultora Seggiaro & Asociados, cujo prognóstico de faixa de crescimento ficará entre -1% e +1%, ainda que com um primeiro semestre recessivo, os fatores que explicam este cenário de fragilidade em termos produtivos são os seguintes:

- A situação internacional não é muito auspiciosa. O vento de cauda não está soprando, e o Brasil tampouco ajudará, ao menos durante 2015.

- A economia argentina acumulou nos últimos anos una série de distorções internas cuja resolução requer medidas que afetarão inevitavelmente os níveis de atividade econômica, enfraquecendo-os. E é um fato que o governo de Cristina Fernández de Kirchner carece da mesma margem de manobra para aplicar políticas expansivas que tinha em anos anteriores, apesar de tratar-se de um ano eleitoral.

É evidente que vastos setores da sociedade argentina perderam parcialmente durante 2014 a capacidade aquisitiva, já que as negociações paritárias, as aposentadorias e os planos sociais aumentaram menos que o custo de vida. É muito difícil pensar que essa situação possa se reverter ao longo do próximo ano.

Um importante banqueiro, em conversa com o La Nación, considerou que o crescimento do PIB em 2015 dependerá em boa medida de como a negociação entre o governo e os holdouts será fechada. "Se conclui com um acordo, e a Argentina conseguir assim abrir suas portas ao mercado financeiro internacional, a economia poderia crescer até 1,5%; mas se não há acordo, cairia a um porcentagem similar", disse ele.

Não são poucos os estudos econômicos, como os da consultora Ecolatina, de Marco Lavagna, que estão de acordo que o problema mais urgente enfrentado pela economia argentina é a escassez de dólares e que este corre o risco de se fortalecer. "Se o governo não consegue reabrir o canal financeiro para o país, as províncias, a YPF e os privados, os menores fluxos de exportações, afetados pela queda de preços internacionais, obrigarão o Banco Central a optar entre desvalorizar ou incrementar as barreiras às importações. Pelo que, vivendo com o nosso, a recessão vai se aprofundar e/ou a instabilidade mudaria", indica seu último informe”.

“Mas a população em geral, embora 48,7% acreditem que o governo negociará com os chamados fundos abutre, contra 34,5% que acham o contrário, não parece muito garantido que um entendimento com os credores vá trazer grandes mudanças na economia. 32,8% dos entrevistados pela Management & Fit sustentam que um acordo para resolver a questão da dívida não vai melhorar nada; 21,3% acham que vai melhorar pouco; 26,7% acreditam que vai melhorar alguma coisa e 6,9% que vai melhorar muito”, conclui o artigo do La Nación.