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Presidente da Itália critica austeridade da União Europeia

Napolitano disse é preciso mudar a política do bloco econômico

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O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, criticou a política de austeridade da União Europeia e disse que é preciso fazer mudanças na legislação do bloco econômico. "Após anos de políticas restritivas, de austeridade, de distanciar os jovens do emprego é justo solicitar" às instituições europeias uma "implementação de novas políticas visando o crescimento e o desenvolvimento", disse o mandatário nesta sexta-feira (24).

    Em um evento com estudantes, que debaterá temas sobre a Europa e os direitos, Napolitano afirmou que o rascunho do Conselho Europeu não usou o termo "austeridade". "Eu li o rascunho e notei que na palavra "austeridade" não aparece desta vez. Para evitar novas polêmicas, alguém aceitou não mencioná-lo. Ou talvez foi movido por algum sentimento de culpa", destacou.

    Napolitano ainda comentou que é "grave" o fato do bloco econômico não falar de valores como a integração política europeia e só se preocupar sobre o "0,1% de regras, tratados e impactos fiscais".

    "A Europa é nossa e não uma estranha criatura feita longe de nós, quase um monstro que dita leis inaplicáveis e com graves consequências para a nossa sociedade", disse o presidente pedindo que a UE não se limite com "identificações restritivas e impróprias" que, às vezes, reduzem a União a "qualquer coisa nebulosa na mão de um grupo de burocratas".

    As falas do presidente italiano estão em linha com o projeto de governo do primeiro-ministro, Matteo Renzi, que busca reformar a política e a economia italiana. Ontem (23), a Itália recebeu uma carta da Comissão Europeia com questionamentos sobre a Lei de Estabilidade para 2015. O bloco escreveu que o país estaria fazendo, com a nova medida, "um significativo desvio dos ajustamentos pedidos para centrar os objetivos a médio prazo". A Lei de Estabilidade prevê, entre outras coisas, um ambicioso corte de 18 bilhões de euros em impostos, incluindo a manutenção do bônus de 80 euros mensais no Imposto de Renda de quem recebe salários de até 1,5 mil euros e a ampliação desse benefício para mulheres que acabaram de ter filhos. Tanto a Itália como a França já se envolveram em diversas discussões sobre a meta de austeridade de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), exigida pelo bloco. Os franceses chegaram a dizer que não cumpririam a meta e que só conseguiriam atingir o número em 2017. Na semana passada, durante um encontro em Milão, as duas nações se comprometeram a respeitar o acordo. Renzi ainda defendeu que, apesar de respeitar as regras, a Itália precisa agir "com sua própria voz". (ANSA)