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Rosenberg Associados: Focus prevê pior crescimento em cinco anos

Empresa revisa projeção crescimento para 0,5% com resultados do segundo trimestre

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A Rosenberg Associados,  premiada em maio no Ranking Broadcast Projeções 2013 pelo jornal Estado de S. Paulo, como empresa que conseguiu fazer as previsões mais acertadas sobre a economia, revisou a projeção de crescimento do PIB neste ano, de 0,8% foi para 0,5%, influenciada principalmente pelos resultados do segundo trimestre. 

"O PIB do segundo trimestre veio bastante abaixo do que a gente esperava, que era uma queda de 0,1%, e veio uma queda de 0,6%", comentou Leonardo França Costa, economista da Rosenberg.

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Para a empresa, o Relatório Focus mostra um cenário pouco favorável à economia brasileira, com as expectativas de crescimento em patamar próximo de zero. "As previsões para o PIB mantém a trajetória de queda, isto após o fraco desempenho do PIB no segundo trimestre, divulgado na sexta-feira passada, com a economia registrando recessão técnica no primeiro semestre deste ano, destacando-se o desempenho ruim nas variáveis de investimento e produção industrial, além da tísica evolução do consumo – vale ressaltar que a contração registrada pelo IBGE veio mais forte do que o previsto pelo mercado, o que deve ter afetado as previsões do Focus". 

Se confirmado o crescimento de 0,52% neste ano, ressalta, este será o menor crescimento dos últimos cinco anos. Sem considerar 2009, seria inclusive o pior desempenho desde 1999.

Veja, a seguir, a análise da Rosenberg Associados:

Relatório Focus prevê pior crescimento em cinco anos

O Relatório Focus, com as previsões dos analistas do mercado, mostra um cenário pouco favorável à economia brasileira. Neste começo de setembro, segue a tendência degenerativa, com as expectativas de crescimento em patamar próximo de zero. A perspectiva de inflação permanece próxima do teto da meta, contudo, mostrando certa descompressão em comparação ao mês passado e com 2015 se colocando como ano de reajuste de preços. Ainda, permanece a manutenção da taxa Selic até o final do ano em 11%, enquanto que para o próximo ano espera-se arrocho mais comedido nos juros, com a taxa terminando 2015 em 11,75%.

As previsões para o PIB mantém a trajetória de queda, isto após o fraco desempenho do PIB no segundo trimestre, divulgado na sexta-feira passada, com a economia registrando recessão técnica no primeiro semestre deste ano, destacando-se o desempenho ruim nas variáveis de investimento e produção industrial, além da tísica evolução do consumo – vale ressaltar que a contração registrada pelo IBGE veio mais forte do que o previsto pelo mercado, o que deve ter afetado as previsões do Focus. Com isto, a expectativa de crescimento do PIB caiu para 0,52% em 2014 (0,70% na semana anterior, 0,86% há 4 semanas), décima quarta revisão negativa consecutiva. Se confirmado, este será o menor crescimento dos últimos cinco anos; excetuando-se 2009, ano da crise, será o pior desempenho desde 1999, perdendo inclusive para 2001, ano do racionamento de energia elétrica. Para 2015, a taxa esperada de crescimento continua em 1,10%, levando-se em conta o ajuste imposto ao próximo presidente, bem como as incertezas sobre quem ocupará o Planalto e qual será sua postura em termos de política econômica, sem mencionar o menor carregamento estatístico advindo do ano prévio.

Em um cenário de arrefecimento na inflação de alimentos e menor pressão advinda do grupo de transportes (em especial o subgrupo de combustíveis), com a perturbação nos serviços advinda da Copa do Mundo já no passado, a liberação de alguns preços administrados toma a frente na pressão inflacionária no curto prazo, contudo, com a taxa em doze meses rodando ao redor meta do BC no curto prazo, arrefecendo ao final do ano. Deste modo, os analistas do Relatório Focus vislumbram um cenário inflacionário sem surpresas adicionais em 2014, com as expectativas mantendo-se levemente abaixo do teto de 6,5%. Agosto terminou com a expectativa de IPCA em 6,27% para 2014 (vindo de 6,27% na semana anterior, 6,39% há 4 semanas); para 2015, observa-se deterioração do quadro, com expectativa de inflação em 6,29% (vindo de 6,28% na semana anterior, 6,24% há 4 semanas) – com a percepção de reajuste nos preços após ano eleitoral.

Quanto aos juros, segundo a mediana do mercado, espera-se que a taxa básica da economia permaneça em 11% até o final deste ano. Adicionalmente, espera-se que a retomada no ciclo de alta em 2015 seja mais modesta, com a previsão de término de 2015 à taxa de 11,75%.

Por fim, o mercado prevê saldo comercial positivo de US$ 2,17 bilhões em 2014, enquanto que para 2015 espera saldo de US$ 8 bilhões. A perspectiva para a taxa de câmbio segue inalterada - esperando-se taxa de R$/US$ 2,35 em 2014 e R$/US$ 2,50 em 2015.

Nas distribuições de frequência do Banco Central, temos a comparação das expectativas do mercado entre a leitura do começo de agosto e a de meses anteriores. Quanto ao IPCA, houve manutenção da concentração da mediana das expectativas perante o mês prévio, que se situa ao redor da taxa de 6,3% em 2014 – com mais de 70% das expectativas se situando ao redor de tal taxa.

Ainda, para 2015, o nível de incerteza começa a diminuir, com a condensação das expectativas, antes divididas entre pessimistas e otimistas, ao redor da taxa de 6,3% - cerca de 40% das expectativas estão no entorno de tal taxa. Deste modo, a mediana das expectativas, que estava em 6,24% no mês anterior, se encontra em 6,29% na leitura de agosto – o que caminha para a perspectiva de o ano que vem será de ajuste dos preços represados.

No que diz respeito à distribuição de frequências da taxa Selic 12 meses à frente, observa-se pouco consenso por parte do mercado sobre a política monetária do BCB, com a distinção de dois grupos, com cerca de 40% (e maioria) dos agentes esperando manutenção da Selic em 11% no horizonte de tempo de um ano, enquanto os demais esperam a retomada do ciclo, com a Selic indo além da taxa de 12% no período à frente – o que corrobora o cenário de atividade mais fraca. Deste modo, no começo de setembro, temos uma frequência relativa com o aprofundamento da concentração em dois grupos distintos, com a manutenção da taxa em 11% sendo ainda considerado o cenário mais provável em um intervalo de 12 meses.

A mediana das expectativas para taxa Selic em 2014 permaneceu em 11%, sem retomada do ciclo de elevação da taxa básica neste ano. Para 2015, a pesquisa Focus ainda aponta para Selic em 11,75%, ou seja, o mercado aposta em uma retomada do ciclo de aperto monetário no ano pós-eleitoral, porém menos intensa que o esperado anteriormente.