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Ex-banqueiro com bens liquidados gera desconfiança por estilo de vida

Índio da Costa diz que é sustentado por familiares, mas a PF e o MPF investigam

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O ex-presidente do Banco Cruzeiro do Sul, Luis Octavio Índio da Costa, está com os bens bloqueados desde 2012, quando chegou a ser preso depois de uma investigação da Polícia Federal que o denunciou por supostos crimes contra o sistema financeiro. Ele é investigado por suspeitas com relação à instituição que comandava, que supostamente fazia empréstimos consignados fraudulentos. Apesar dos bens bloqueados, Índio da Costa viajou pelo Brasil e para o exterior em 2013 e ostenta vida luxuosa. A Polícia Federal e o Ministério Público desconfiam do estilo de vida do ex-presidente do Cruzeiro do Sul, que diz viver com a ajuda de amigos, e prometeram investigar a situação. 

Até hoje, nenhum dos processos foi julgado e Índio da Costa segue em liberdade. No começo de 2013, depois de ter passado 19 dias preso, viajou com amigos para Fernando de Noronha. Em julho, foi esquiar no Chile; e no começo deste ano passou uma temporada em um de seus apartamentos em Nova York, que acabou sendo sequestrado pela Justiça americana em julho, depois de pedido do Ministério Público Federal em São Paulo.

Em comparação com as extravagâncias de Índio da Costa enquanto banqueiro, as viagens parecem modestas.  Em 2009, quando o Cruzeiro do Sul completou 15 anos, ele teria contratado, segundo reportagens veiculadas na grande mídia, o cantor Elton John para um show privado. No mesmo ano, o cantor Tony Bennet também teria se apresentado para 500 convidados de Luís Octávio Índio da Costa. 

Ainda em 2009, o banqueiro teria almoçado com Madonna e prometido uma doação de R$ 2 milhões para um projeto beneficente da cantora. A família Índio da Costa é uma das mais ricas e tradicionais do país. O tio de Luis Otcavio é Luiz Eduardo Índio da Costa, um dos arquitetos mais renomados do Brasil, cujo filho é Antônio Pedro de Siqueira Índio da Costa, vice de José Serra nas últimas eleições presidenciais de 2010, e atual candidato a deputado federal pelo PSD.

Entenda o caso do Banco Cruzeiro do Sul

Em 2012, Índio da Costa foi preso e chegou a ficar 19 dias no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, em São Paulo. Ele presidia o conselho e era diretor superintendente do banco Cruzeiro do Sul, tendo 24% do capital da instituição - seu pai, Luis Felippe, tinha 55,6% do banco. Os outros dois controladores do banco eram Horácio Martinho Lima e Maria Luíza Garcia de Mendonça. Eles foram investigados por supostamente promoveram resultados artificiais no banco possibilitando que retirassem lucros e juros que somariam mais de R$ 90 milhões.

Procuradores do Ministério Público investigam supostas fraudes em empréstimos consignados para conseguir recursos que cobrissem as necessidades de caixa do Banco Cruzeiro do Sul. Para isso, teriam criado 320 mil contratos de empréstimos consignados falsos, com uso indevido dos CPFs de diversas pessoas e usando nomes de diversos órgãos públicos, o que teria gerado uma falsa contabilização de ativos do banco no valor de R$ 2,5 bilhões. Além disso, haveria supostas fraudes contábeis que geravam resultados irreais no balanço do banco e elevavam a remuneração dos envolvidos e a distribuição dos lucros. 

Em 2012, o Banco Central decretou intervenção no Cruzeiro do Sul. Em setembro, o banco começou processo de ser liquidado extrajudicialmente, que não foi finalizado ainda, como informou o BC. Nenhum dos processos contra Índio da Costa tem previsão para ser julgado.