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Ações da Portugal Telecom encerram em baixa

Empresa está em processo de fusão com a brasileira Oi, que deve ser concluído em 2015

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As ações da Portugal Telecom na bolsa do país europeu encerraram com queda de 1,90%, para 1,3919 euros, nesta quarta-feira (20), enquanto os papeis de sua rival, a Nos, tiveram um acréscimo de 0,47%, a 4,26 euros. A Portugal Telecom está em processo de fusão com a Oi, que seria concluído no final deste ano mas que deve ficar para 2015, devido ao calote de 897 milhões de euros que recebeu de uma holding do grupo Espírito Santo, a Rioforte, que atua na área de Turismo também no Brasil.

O novo presidente-executivo da PT Portugal, Armando Almeida, confirmou à agência Lusa nesta quarta-feira (20) que precisa de 100 dias para apresentar um plano estruturado para o futuro da empresa, que é hoje integrada à Oi. A Portugal Telecom é acionista da brasileira e deve permanecer cotada até a concretização da fusão, devido ao calote. 

Armando assumiu o cargo no início deste mês, ao lado do brasileiro Marco Schroeder, como CFO, depois que o ex-presidente Zeinal Bava saiu para se dedicar à Oi e à integração das operações em Portugal e no Brasil.

A imprensa portuguesa noticiou nesta semana que os acionistas da Portugal Telecom foram incentivados a aprovar a fusão da empresa com a Oi pela Institutional Shareholders Services (ISS), com informações da agência Lusa

Veio à tona também no início da semana o caso da Credit Suisse, que teria ajudado o Grupo Espírito Santo a esconder suas dívidas, de acordo com o Wall Street Journal. A empresa, no entanto, negou nesta terça-feira que tenha vendido ativos ou aconselhado clientes do BES a comprar veículos financeiros fora das contas do banco. 

À imprensa brasileira, Ricardo Salgado nega ser pivô da crise

Ricardo Espírito Santo Salgado, líder dos negócios da família Espírito Santo, deu entrevista ao Estado de S. Paulo neste domingo (17). "Não sou o pivô [dessa crise]. Cada um [da família] respondia por uma atividade de negócio. O Ricciardi pela presidência do BESI, o Manuel Fernando pela 'holding' Rioforte, e por aí em diante", afirmou. 

"Estou no meio do olho do furacão porque sou um banqueiro à frente de uma instituição de quase 150 anos", continuou. O líder foi forçado por reguladores a deixar o cargo de presidente-executivo do Banco Espírito Santo, agora sob controle do Banco de Portugal, depois do prejuízo semestral de 3 bilhões de euros.

A ata da última reunião do Conselho de Administração, realizada no dia 13 de julho, revela, inclusive, que Salgado tentou até o último momento impedir que o BES recebesse uma ajuda do Estado português. Ele alegava que a solução do banco seria uma parceria estratégica e/ou financeira, que não envolvesse a participação estatal. O documento foi divulgado pelo divulgada pelo jornal Sol.

Ricardo Salgado, durante a reunião, faz um elogio ao Conselho, "pela forma extraordinária como ao longo do tempo foi capaz de fazer evoluir o BES, tornando-o uma referência incontornável no sistema financeiro nacional, apesar das dificuldades e crises, com especial relevo para a capacidade demonstrada no passado recente em evitar ter de, ao contrário de outras instituições, recorrer a fundos públicos para a recapitalização do banco".

O BESI Brasil, braço de investimentos do Banco Espírito Santo no país, de acordo com o Estado de S. Paulo, negocia a venda das suas divisões de gestão de recursos de terceiros e de gestão de fortunas ao banco Brasil Plural.

>> Bradesco perde R$ 356 milhões com resgate do Banco Espírito Santo

Os braços do Grupo Espírito Santo no Brasil

Como o Jornal do Brasil já publicou no início de julho, o Grupo Espírito Santo desenvolve atividades financeiras no Brasil, direta ou indiretamente, desde 1976, dois anos após a Revolução dos Cravos que derrubou o regime salazarista em Portugal. Na época, os acionistas viraram alvo de intensa perseguição política, o banco foi nacionalizado e os principais sócios deixaram Portugal. Iniciaram, então, atividades financeiras no Brasil, na Suíça, na França e nos Estados Unidos, com destaque para a multiplicação dos negócios em terras brasileiras. Informações dão conta de que eles se associaram a grupos brasileiros, participando de operações ilícitas e causando grandes prejuízos. A família retomou o Banco Espírito Santo posteriormente.

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O processo de internacionalização da Portugal Telecom, iniciado em 1997, esbarra com o mercado brasileiro de telecomunicações em 1998, com a aquisição de importantes entidades, como a Telesp Celular, Telesp Fixa e a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Uma das etapas de privatização no Brasil aconteceu no governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo como marco a aprovação da Lei de Concessões, em fevereiro de 1995. O objetivo era criar regras gerais para o governo conceder a terceiros o direito de explorar a produção de serviços públicos, a exemplo do setor de geração de energia elétrica e de telecomunicações. A privatização dessas áreas exigiu um esquema complexo de regulação, para alcançar a maior competição do setor, na promessa de eliminação do monopólio público. A maioria dos compromissos de investimento feitos pela Portugal Telecom na época ainda estão no papel.