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BES recorreu a financiamento de emergência do Banco de Portugal 

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Os problemas do Banco Espírito Santo e a falta de ativos para dar como garantia para obter crédito do BCE obrigaram o banco a recorrer a financiamento de emergência, segundo a ata do Banco de Portugal divulgada por uma sociedade de advogados. As informações são do jornal Correio da Manhã.

Esta informação consta da ata da reunião extraordinária do Banco de Portugal (BdP) de 3 de agosto, que foi divulgada na página na internet da sociedade de advogados Miguel Reis & Associados. A Lusa contactou fonte oficial do supervisor e regulador bancário que preferiu não comentar. Conformo noticia o Correio da Manhã, na ata, o BdP refere que o BES estava numa "situação de grave insuficiência de liquidez" nas vésperas de ter sido resgatado e que, "desde o fim de junho até 31 de julho, a posição de liquidez do BES diminuiu em cerca de 3.350 milhões de euros". Por isso, o banco "viu-se forçado a recorrer à cedência de liquidez em situação de emergência (ELA - Emergency Liquidity Assistance) por um valor que atingiu, a 01 de agosto, cerca de 3.500 milhões de euros".

Associação pede indenização para os pequenos acionistas do BES

A associação de pequenos investidores defende que quem participou no último aumento de capital do BES foi lesado. Pede, numa petição pública que conta já com mais de 500 subscritores, que os pequenos acionistas tenham direito a uma indemnização, informa o Jornal de Negócios.

A Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM) lançou este sábado uma petição pública em "defesa dos legítimos interesses dos seus associados como pequenos acionistas do BES". Nesta petição, que conta já com mais de 500 subscritores, a ATM defende que estes foram lesados no último aumento de capital realizado pelo banco, pedindo uma indenização para os investidores, diz a reportagem do Jornal de Negócios

Em Portugal, manifestantes fazem protesto contra socorro ao BES

Uma manifestação convocada através das redes sociais reuniu neste sábado (9) cerca de 60 pessoas junto à sede do Banco Espírito Santo, em Lisboa, informa o jornalCorreio da Manhã. De acordo com a publicação, o protesto era contra a utilização de dinheiro público no banco. 

Os manifestantes portavam cartazes e uma faixa com a frase: "A dívida de hoje é o roubo de ontem pela classe de ontem". De acordo com o Correio da Manhã, os manifestantes afirmam estar solidários com os trabalhadores do BES e fazem críticas à classe política.

De acordo com a reportagem, o grupo acrescenta que não quer pagar pelos erros da má gestão do banco. No Porto, uma outra concentração, junto ao balcão da instituição na avenida dos Aliados, foi marcada para este sábado. Os responsáveis pela organização do protesto garantem que o movimento não está associado a partidos políticos. Dizem, também, que não estão ligados a grupos de acionistas do banco ou de investidores em produtos financeiros do Grupo Espírito Santo, diz a reportagem do Correio da Manhã.

Segundo os organizadores, o protesto pretende ser apenas um ato contra os impactos que a solução encontrada para o BES poderá ter para os contribuintes”. 

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Portugal Telecom perde mais de 48% em bolsa desde empréstimo à Rioforte 

A Portugal Telecom (PT) fechou a última sessão desta semana em alta de 7,28%, para 1,474 euros, um dia após Henrique Granadeiro anunciar que ia sair da liderança da companhia. Mas, apesar da valorização na sessão desta sexta-feira, a empresa de telecomunicações viu o valor da sua cotação cair 48,96% na bolsa de Lisboa em pouco mais de um mês, segundo o Jornal de Negócios.

Foi a partir de 26 de junho que começou a tendência negativa da PT. Nesse dia, o jornal Expresso revelou que a Portugal Telecom tinha investido quase 900 milhões de euros em dívida da Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo (GES).

Quatro dias depois houve a confirmação oficial por parte da administração da PT. O documento publicado no site da CMVM, o regulador de mercado, tem a assinatura de Henrique Granadeiro, CEO e chairman, e de Luís Pacheco de Melo, administrador e diretor financeiro.

Desde o início do ano a PT perdeu 53,35% do seu valor, caindo dos 2,89 euros para os 1,474 euros. Mais de 90% desta perda registra-se desde 26 de junho, quando o mercado tomou conhecimento do investimento da PT numa empresa do Grupo Espírito Santo.

O fechamento positivo desta sexta-feira contraria as últimas duas sessões, quando a cotação da empresa fechou no vermelho: quedas de 5,62% e de 4,91% na quinta e sexta-feira, respectivamente.

Segundo o Jornal de Negócios, este poderá ser um sinal que o mercado está reagindo bem à saída de Henrique Granadeiro. O presidente executivo da PT anunciou ontem a sua saída da liderança da empresa de telecomunicações. Apesar da demissão, o gestor mantém-se no cargo até ao dia 30 de setembro, ou até ser designado um substituto.

Durante a sessão de hoje, a Portugal Telecom chegou a valorizar um máximo de 8,01% e chegou a perder 3,49%, o registo mais baixo nesta sexta-feira. A empresa registou uma grande liquidez nesta sessão, com 17,096 milhões de ações negociadas. Este valor é superior à média diária dos últimos seis meses: 9,44 milhões. 

A Portugal Telecom agendou uma assembleia-geral de acionistas para o dia 8 de setembro. Mas, aparentemente, a sucessão de Henrique Granadeiro não será discutida durante o encontro. A empresa anunciou na quinta-feira que só existe um assunto em pauta: deliberar sobre o acordo de fusão entre a PT e a Oi.

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Um histórico do Espírito Santo

De acordo com o NYT, a fortuna da família cresceu substancialmente no início do século 20 sob o comando dos filhos do fundador, Ricardo e Manuel, que estavam dotados de uma rede de contatos, estabelecendo laços com os descendentes da indústria norte-americana, incluindo os Firestones e os Rockefellers. Em meados da década de 1930, o Banco Espírito Santo foi o maior credor privado em Portugal.

O status da família tomou uma dimensão ainda maior durante a Segunda Guerra Mundial, que trouxe desastre para a maioria da Europa, mas transformou Portugal em um centro diplomático e aristocrático. Como uma nação neutra, Portugal era um paraíso para os membros da realeza e políticos, famílias poderosas, como os Rothschilds que fugiam do nazismo, diz o texto do NYT.

Juan Carlos, o futuro rei da Espanha, passou vários anos, com sua família, exilado no Estoril, uma cidade próxima de Cascais. Após a derrubada da ditadura de Portugal em 1974, anos nos quais o Grupo Espírito Santos tinha prosperado, o Salgado, que nasceu em 1944, era muito jovem para se juntar a alguns dos membros mais antigos da família na prisão, após o confisco de ativos do banco. Após a libertação, os executivos da família eventualmente se juntaram por Portugal e outros lugares do mundo.

Ainda de acordo com o jornal, no exterior, eles começaram a reconstruir seus negócios, graças a linhas de crédito dos bancos, mas também graças a ajuda de outras famílias poderosas, como os Agnelli, donos da Fiat, e os Rockefellers. Salgado eventualmente assumiu o comando dos negócios no exterior, depois de ter passado a maior parte dos anos de exílio no Brasil e na Suíça. Em 1989, Portugal começou a privatizar bens que haviam sido apreendidos na revolução, dando a Salgado e sua família a oportunidade de comprar de volta o seu banco com o apoio da França, o Crédit Agricole.

Ele assumiu o controle de um banco menos poderoso do que era antes da revolução de 1974. Ele gradualmente expandiu seu alcance, trazendo-o de volta para o topo, em parte graças a incursões no exterior.

O NYT destaca que historiadores de negócios apontam para a capacidade da família Espírito Santo em superar mais de um século de brigas de família e manter o império intacto. Porém, isso pode estar mudando. No ano passado, a liderança de Salgado no banco foi desafiado por um de seus primos e colegas banqueiros, José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi.

Ricciardi forçou um voto de desconfiança contra Salgado em novembro passado. Mas, com o seu próprio pai e patriarca da família, Antonio Ricciardi, apoiava Salgado, o primo Ricciardi não conseguiu muita coisa. Mas dessa vez, o desastre poderia derrubar de vez Salgado, finaliza o texto do NYT. 

Os braços do Grupo Espírito Santo no Brasil

Como o Jornal do Brasil já publicou no início de julho, o Grupo Espírito Santo desenvolve atividades financeiras no Brasil, direta ou indiretamente, desde 1976, dois anos após a Revolução dos Cravos que derrubou o regime salazarista em Portugal. Na época, os acionistas viraram alvo de intensa perseguição política, o banco foi nacionalizado e os principais sócios deixaram Portugal. Iniciaram, então, atividades financeiras no Brasil, na Suíça, na França e nos Estados Unidos, com destaque para a multiplicação dos negócios em terras brasileiras. Informações dão conta de que eles se associaram a grupos brasileiros, participando de operações ilícitas e causando grandes prejuízos. A família retomou o Banco Espírito Santo posteriormente.

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O processo de internacionalização da Portugal Telecom, iniciado em 1997, esbarra com o mercado brasileiro de telecomunicações em 1998, com a aquisição de importantes entidades, como a Telesp Celular, Telesp Fixa e a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Uma das etapas de privatização no Brasil aconteceu no governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo como marco a aprovação da Lei de Concessões, em fevereiro de 1995. 

O objetivo era criar regras gerais para o governo conceder a terceiros o direito de explorar a produção de serviços públicos, a exemplo do setor de geração de energia elétrica e de telecomunicações. A privatização dessas áreas exigiu um esquema complexo de regulação, para alcançar a maior competição do setor, na promessa de eliminação do monopólio público. A maioria dos compromissos de investimento feitos pela Portugal Telecom na época ainda estão no papel.